terça-feira, 24 de setembro de 2019

Lapso - Seca no nordeste

A região do semi-árido brasileiro que tem apenas 982.566,3 km2 (composto pelos sertões da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas, Ceará, Piauí, Bahia e o norte de Minas Gerais) AINDA PADECE COM AS SECAS. Mas, por pura negligência política. Essa miséria garante o voto de cabresto. "É a vida como ela é" já nos ensinou Nelson Rodrigues.

Na nossa primeira viagem no nordeste (2015) o Luan tinha acabado de ler o livro Padre Cícero - Poder, fé e Guerra no sertão (Lira Neto) e fez questão de querer conhecer a estátua do "Padim Ciço" no Juazeiro do Norte, Ceará. A distância de Campina Grande para Juazeiro é de 475 Km, mas existem inúmeros trechos que não é pista (BR) passam por dentro de cidadezinhas e vilarejos. Saímos (de carro) de CG as 10:30 e chegamos na colina do Horto (onde fica a estátua) as 17:30hs. Não havia ninguém, afinal que idiota chega naquele lugar na hora do por do sol? Enfim, ficamos meia hora, tiramos aquele velho retrato (pra não passarmos por mentirosos, rs) e voltamos pra cidade. Jantamos e voltamos, saímos do Juazeiro as 19:30 hs e chegamos em CG as 02:30 hs. Sinceramente, inenarrável tudo que vimos na estrada...
Na sequência Luan voltou pra SP e discutindo a respeito do que aprendemos na viagem chegamos a conclusão: O sertão é o caldeirão do diabo! Depois de outras viagens nos pergutamos o que poderíamos fazer para ajudar de alguma forma alguém do sertão. Decidimos que iríamos cavar um poço em algum sitio desses bem distantes, pra que, ao menos, em algum perímetro daquele braseiro sem fim, algumas pessoas pudessem se beneficiar. Fiz a cotação, R$ 3.000,00 por 100 metros... Normalmente encontra-se água após 300 metros (mas não é garantido, são probabilidades)... Não foi possível!
Um sertanejo não precisa de esmola do governo, eles precisam de condições, por lá, um trator da prefeitura para arar a Terra (o resto fazem na enxada) e um poço ou barragem seria suficiente pras aspirações de vida e retomada da "dignidade" daquela gente, mas como manter o voto de cabresto sem "assistencialismo"?

Gonzaga em 70 cantou:
"Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage."

Ó sol!
sol escaldante
Terra poeirenta
Dias e dias, meses e meses sem chover
E o pobre lavrador com a ferramenta rude
Dá corte no solo duro
Em cada pancada parece gemer
Hum, hum, hum, hum, hum, hum, hum, hum
Geme a terra de dor ô ô ô ô
Não adianta o meu lamento meu Senhor
Õ õ Õ õ E a chuva não vem
O Chão continua seco e poeirento
No auge do desespero uns se revoltan contra Deus
Outros rezam com fervor
Nosso gado está sedento meu Senhor
Nos livrai dessa desgraça
O céu escurece
As nuvens parecem grandes rolos de fumaça
Chove no coração do Brasil
E o lavrador retira o seu chapéu
E olhando o firmamento
Suas lágrimas se unem
Com as dádivas do céu
O gado muge de alegria
Parece entoar uma linda melodia.




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