sábado, 29 de junho de 2019

O Auto da Compadecida - Ariano Suassuna

João Grilo? Esse era um cachorro inteligente. Antes de morrer, olhava para a torre da igreja toda vez que o sino batia. Nesses últimos tempos, já doente para morrer, botava uns olhos bem compridos para os lados daqui, latindo na maior tristeza. Até que meu patrão entendeu, como a minha patroa, é claro, que ele queria ser abençoado e morrer como cristão. Mas nem assim ele sossegou. Foi preciso que o patrão prometesse que vinha encomendar a benção e que, no caso de ele morrer, teria um enterro em latim. Que em troca do enterro acrescentaria no testamento dele dez contos de réis para o padre e três para o sacristão.” (p.63-64).

Padre: Zangar nada, João! Quem é um ministro de Deus para ter direito de se zangar? Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o cachorro.”

João Grilo: “Estou acertando as contas com o padre, a qualquer hora acerto com o patrão! Eu conheço o ponto fraco do homem, Chicó.”

O Auto da Compadecida - Ariano Suassuna

JOÃO GRILO:
Não, você fica comigo. Vim encomendar a bênção do cachorro por sua causa e você tem de ficar.
É mesmo, Chicó: Você já está acostumado com essas coisas, já teve até um cavalo bento!

CHICÓ:
É, mas acontece que o major Antônio Morais pode ter alguma coisa de cavalo, de bento é que ele não tem nada.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Blog - Botando pra fora

Bruno Pacelly é de Campina Grande (PB), estudante de direito com aspirações artísticas – suprimidas – as quais deseja deixar florescer. Sente-se confortável ao falar de sentimentos sejam eles reais ou fictícios.

https://brunopacelly.wordpress.com/

Como se mede uma pessoa - Willian Shakespeare

Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento.

Uma pessoa é enorme para você, quando fala do que leu e viveu,
quando trata você com carinho e respeito,
quando olha nos olhos e sorri destravado.

É pequena para você quando só pensa em si mesma,
quando se comporta de uma maneira pouco gentil,
quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar
o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho,
o respeito, o zelo e, até mesmo, o amor.

Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida,
quando busca alternativas para o seu crescimento,
quando sonha junto com você. E pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende,
quando se coloca no lugar do outro,
quando age não de acordo com o que esperam dela,
mas de acordo com o que espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por
comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas que se agigantam nas críticas e se encolhem quando estão diante dos olhos que sabem "seus segredos íntimos e suas atitudes covardes fruto de sua própria insegurança".
Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros,
mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão; e ao recolhê-la inesperadamente,
se torna mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande...é a sua sensibilidade, sem tamanho...

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Amor e saudade - Alessandro Brito

Amor ou saudade
Que diferença faz?
Ela já partiu
E agora não volta mais.

A inocência do prazer - Cazuza

Elma Moreira de Assis
Sáb 01/11/2008 14:20
Quero músicas  e poesias tb... Please!

A Inocência do Prazer
Cazuza

Composição: Cazuza / George Israel
 
Já passou, fomos perdoados
Por todos os deuses do amor
Acabou, podemos ser claros
Como era antes, seja lá como for
Alguém tentou desesperadamente
Sentir algo decente
Sou feliz, pois já fui julgada
Daqui pra frente, tudo é meu
Então fala baixo
Fala baixo e sente
Eu vou te dar um presente

Vento novo, flores e cores
Fim do verão tropical
Novos ares, novos amores
Tudo volta ao seu estado normal
Sou feliz e trago as provas
Nos meus olhos molhados
E vejo a vida tão diferente
Eu já posso entender
A inocência do prazer
Então fala baixo
Fala baixo e sente
Eu vou te dar um presente

Tréplica da resposta do texto Minha análise (Alessandro Brito) - Elma Moreira Assis

Elma Moreira de Assis
Para:sandrovisks@yahoo.com.br
24 de jan de 2010 às 14:09

Meu querido e admirado Alessandro, vc me inspira profundamente!!!
Estou encantada com suas palavras, seus textos e completamente arrebatada pela tua forma sóbria, madura!!! Fascinante!
Desculpe por demorar a te escrever, é que como sei que suas palavras são densas, só abro seus emails quando me sinto tomada pelos meus sentidos... Bem, cada vez que troco idéias contigo sinto que me aprimoro mais... Vc vê minhas palavras por um ângulo estimulante e que me faz tirar "outras lições"!!! Vc me ensina novas formas de ver a mesma idéia, vc reiventa minhas palavras, conferindo a tais outro sentido e forma. Isso me deixa maravilhada!
Queria muito te reencontrar e poder trocar todas nossas vivências... Perto de vc sempre me acho tao "menina"...rsrsrs
A tua sinceridade me ilumina e assusta ao mesmo tempo. Realmente é em vão procurar a "pessoa certa", talvez esse seja um pensamento muito mesquinho, pequeno. Talvez cada ser tenha um ponto que o torna certo e errado simultaneamente... Já o que vc falou sobre as pessoas venderem idéias até onde forem convenientes, isso sim me assusta, pq eu romantizo tudo por natureza... Mas será que nesse exato momento também não estou vendendo uma idéia???!!!...
Se machucar é inevitável...
Concordo com a "coerência na loucura"... Em fazer as irresponsabilidades mais responsáveis possíveis!!! rsrs
Eu que estou me limitando e não minha realidade???? Reflito.
Não posso te falar de minhas conclusões, pois elas mudam com tamanha velocidade que cresço, envelheço... A cada instante tenho novas "conclusões"...
Te adoro!

 "Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente.
Sou isso hoje...
Amanhã, já me reinventei.
Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim.
Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar...
Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil...e choro também!"

"Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?"

"... o auasca tinha me feito passar a a viver numa espécie de universo paralelo em que eu mantinha os meus velhos interesses, tinha as mesmas reações de antes, a mesma inspiração, a mesma tensão, a mesma insônia, mas estava fora disso tudo. Via-me viver, mas, nitidamente não cria. Sabia que a vida não é real- e que não existe nada para se por em seu lugar. Paradoxalmente, sentia-me bastante triste com isso. Uma tristeza serena e estável que não servia para aquecer a existência. Por vezes revoltava-me- mas mantendo a mesma frieza-...”--> Caetano Veloso

Resposta do texto Minha análise (Elma Moreira Assis) - Alessandro Brito

From: sandrovisks@hotmail.com
To: elma_moreira@hotmail.com
Subject: RE: Minha análise... hehehe!
Date: Sat, 23 Jan 2010 02:08:31 -0200

Nossa...
Bom em primeiro momento vejo uma nova mulher surgindo, tudo que diz ser hoje é o oposto do que disse antes (Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, "...eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes...")
Estou tão confuso a respeito do que venha ser o amor ou o amar... Somos tão mesquinhos em nossa sinceridade que sinto nojo em pensar no pensamento alheio, pois os meus são deploráveis e penso que os outros não fujam nenhum um pouco dos meus...
De sexo eu já me sinto mais seguro em falar, não existe ideais, para sexo existe desejo carnal, ele pode ser assim como você um caleidoscópio, em um lado pode haver sim muito carinho pela outra pessoa, e em fração de minutos ele pode acontecer novamente sem paixão alguma, e lhe asseguro, sua mente realmente controla o quanto vai ser prazeroso pra você, procurar "a pessoa certa" acho insano, perigoso demais, procure por você, encontre o seu eu e debata com ele as dores do mundo, outros mundos são outros corações, outras histórias, e assim sempre será, mas encare o fato de que o ser humano é egoísta por natureza e se quer algo não mede esforço em vender idéia para quem quer que seja, ele se tornará a pessoa ideal sim, até quando ele achar que é conveniente, se machucar me parece inevitável!

Quem passou pela vida em brancas nuvens e em placido repouso adormeceu, quem nunca sentiu o frio da desgraca,quem passou pela vida e nao sofreu. Foi espectro de homem nao foi homem so passou pela vida nao viveu.
Francisco Otaviano


Ser compreendida é um risco, quando nos deixamos ser compreendidos ficamos totalmente vulnerável, é o único momento onde outro ser pode penetrar nosso eu verdadeiramente, e ai não tem mais volta, cuidado! Arrisque-se mas com coerência, na mioria das vezes nos abrimos porque não aguentamos mais tantas perguntas sem respostas e nesse momento cometemos o erro de achar que o outro está preparado e disposto a tentar trilhar o mesmo caminho, mas no fundo, lá no fundo sabemos que essa é uma ilusão que estamos criando, pois, ele não se importa tanto ou não tem a maturidade e as resposta que eu tanto almejo ter, mas insisto em correr na subida, isso cansa!

Quando mudamos de opinião significa que estamos ficando mais críticos, que as velhas balelas já não correspondem aos nossos conhecimentos, queremos mais, queremos o mais concreto possível, mesmo que a verdade seja dura de encarar e nos machuque nos setimos muito mais humanos limitado, mas coma certeza que não vedemos mais idéias a nnós mesmos...

A curiosidade é o que alimenta minha vida, é dela e do medo que faço a força propulsora para alavancar meus atos e seguir o caminho que eu e somente eu escolho trilhar...

Meus olhos se deparam com aquela figura que logo denominei: Linda!
Mas que incrível, como pode se diferenciar tantos de todas as outras?
Então foco na realidade e tenho agora dois caminhos a seguir:
Prossigo e arrisco conhecer também seus defeitos?
Guardo aquela figura em mim imaculada, mesmo sabendo que logo sentirei uma vazio por não ter aprendido mais a respeito dela por medo de saber que não é tão perfeita quanto eu imaginei?
A busca do perfeito é instintiva, mas o que existe verdadeiramente resume-se ao belo! O perfeito logo dá lugar ao conhecer, que duro e tirano mostra-nos como somos em nossa essência e essa descoberta nos invade transformando a estima em decepção.
Porque me apegaria a um mundo seguro se as possibilidades de me surpreender são tantas quanto as de me decepcionar?
E se os defeitos dela forem os relevantes de minha lista? Se as qualidades dela forem as que necessito para completar a minha equação?
Arriscaria descartar todas estas possibilidades pelo simples fato de uma única decepção?!
Viver é correr riscos, aventurar-se no desconhecido, acreditar que o sonho é possível, o medo não deveria apenas ser visto como uma fraqueza pois ele é o nosso sinal de alerta constante, ele deve ser a força propulsora para às conquistas!
Caminhemos!  

Discordo da realidade ser monótona, e discordo do destino, somos o que fazemos, nada acontece por acaso, seu destino quem dita é você, esses caminhos são poucos e limitados porque você ainda é pouca e limitada, quando acprdar pra realidade da vida e estiver disposta apagar o preço de ver a beleza infinita que ela tem, entenderá do que eu digo... Ou talvez não, nada do que eu fale aqui faça sentido pra você, e quem está errado ? Eu ou você ? Oras essa é fácil, nós dois estamos certo dentro de nossos conceitos e bom senso.

O que sei é que quando eu decido qual caminho seguir eu abdico de outro, se esse for de espinhos euquem voume furar, mas se for de flores eu é quem vou me perfumar, será sempre o que você quiser. Uma alvorada perfeita acontece enquanto a maioria dorme, teria que abdicar de seu sono para comtemplá-la, mas seus dias serão cinzas até o dia que toque com seu dedo mágico a linha do seu tempo.

"Faça o que tu queres, pois a de ser tudo da lei" e eu testifico.

Não sei se já mandei, mas senão ai vai:

Então descobri que sou ninguém! Não passo de uma junção de idéias de meus pais, amigos, escola, televisão, música... E em meio a tudo isso me ensinaram sobre o amor, também me ensinaram como amar, mas creio não ter aprendido. Então deixei um pouco de lado de ser ninguém e me apresentei a mim mesmo, comecei então a discutir comigo o que e como é o amor e amar.
E surpreso me encontro agora, pois penso que o amor não esta nos outros mas em mim, assim meu eu me disse. Amar consiste em respeitar a mim e aos outros. Eu amo não quando me anulo por outrem, mas quando o faço enxergar e respeitar que sou um universo paralelo.
É insano depositar sonhos, anseios, esperança em outro universo que não seja o meu, não tenho discernimento para ordenar e controlar meu próprio mundo, como poderia arriscar deixá-lo a cargo de outro? Como poderia preencher espaços de outro se o meu próprio ainda não está cheio?
Apenas compreendo que universos sempre serão singulares e o que se pode tirar de melhor de cada um é a somatória de experiências, apenas dividir. Quem recebe sim, soma! Se somos dois e eu nada recebi e também não doei, pois tudo continua em mim, eu apenas dividi.
É preciso que os sonhos de cada um sejam focados em si próprios, sendo assim, acredito que possa ser duradouro!
Alessandro Brito.

Ai vai outro pra completar:

Quando se vai, não propriamente está indo embora, apenas partindo. Quando partes também permaneces. O corpo vai ao longe, vaga por aí, mas e o pensamento? Este ato que da vida as ações, que rege as emoções, ele vai embora ou apenas parte?
Se quando menos espera está pensando naquele sorriso que tudo ilumina, olhar de quem pede carinho e proteção, partiste-te ou fostes embora?
Se a essência de baunilha lhe faz dar um sorriso de canto de boca e arranca um suspiro de angústia e melancolia, não podes negar que não fostes embora, mas apenas partiste.
Se todos teus atrasos te levam aquela pessoa que por vezes te esperou pacientemente faz diferença quem vos espera agora?
Poderia arrastar um outro mundo e alinhá-lo junto ao teu? Sim poderia e podes! Mas esteja certo que a sintonia é recíproca, se não for opte pela razão, pois a emoção é intocável quando a sua plenitude tem o alicerce da razão, caso contrário a emoção está solitária e não condiz como seu íntimo desejo. Se vives a emoção pela razão jamais te arrependerás pois tens como fiador a certeza de ambos terem se entregue.
Até para loucura é preciso coerência!
Não te envergonhes por não ter tido êxito em teus planos, aproveite para tirar novas lições.
A vida só vale se formos plenos no que desejamos, se os sacrifícios deixarem marcas em sua alma, se o medo for a força motivadora para penetrar no desconhecido e inseguro, a realidade é correr o risco do que quer que seja.
Olha para trás e orgulhe-se das tuas histórias, quando parar para refletir tenha sempre a sensação de que não poderia ter sido melhor ou tão intenso, a entrega nos deixa vulneráveis, deixamos florar nosso lado brega, cafona, mas ridículo é passar pela vida sem a vivência de uma paixão honesta.
As garantias que não tivestes, as juras que não recebestes, as ligações que nunca tocaram, o convite para festa que não tinha seu nome, a recusa de indicação do seu mecânico, os filmes que não assistiram, os passeios no parque que nunca aconteceram, os dias de sol que não pudestes comtemplar, o frio que te fez acordar durante toda noite pela falta de companhia naquela madruga infinita, as músicas quem não tivestes tempo de mostra-lhe, e tantas outras coisas viram banalidades perto daqueles momentos que juntos estiveram.
Se quis todas estas coisas é porque ela realmente era especial.
Saber reconhecer que perdeu é nobre, apenas um coração nobre pode aprender com as partidas da vida

26 anos depois me sinto com uma criança, é incrível como aprendo coisas e como conheço pessoas cada vez mais interessantes e sábias principalmete as mais velhas, estas sim sabem das coisas), as vezes o medo que faço de força propulsora é tão grande que me sinto abalado, minhas estruturas parecem querer desabar. Olho e vejo as pessoas que por mim passaram e sinto o que delas restou em mim, sinto um vazio e uma estranha euforia de dever cumprido.
Um dia é pouco pra me fazer entender porque ele é tão curto e as vezes tão interminável, quando sinto saudade das coisas que não posso mais tovar, ver, sentir, comtemplar, sinto uma tristeza impar, é como se todas as cores não mais existissem, mesmo eu sabendo que elas estão alí, isso me intriga.
Mas tenho percebido que toda a beleza ou feiura, esperança ou descrença, amor ou ódio está dentor de mim, parece simples de mais pra complexidade que é viver ou "sobreviver", mas venho reforçando esta idéia dentro de mim, e provando por A + B pra mim mesmo que estou mais que certo.
O pano de fundo que é a tela da vida não para, está com você diz em constante mutação, mas o programador dos slides da minha vida sou eu, o que me ajuda muita é sair da cena da minha vida (da qual sou protagonista) e assistir de uma determinada posição, e logo mudo de assento, onde por incr[ivel que pareça tenho a mesma cena mas agora com uma nova possibilidade, incrível isso não ?!

Pense a respeito e depois me diga a que conclusão chegou ok ?!

Bjo
ALe!

Resposta ao Nivrana Intelectual (Elma Moreira de Assis) - Alessandro Brito

Elma Moreira de Assis
Para:sandrovisks@yahoo.com.br
4 de jan de 2009 às 22:21
Owww obg pelas palavras. Bem, pra esclarecer as partes do livro de Nietzsche são as que estão entre aspas, o resto são minhas loucuras, meu desabafo!!! Gostei dessas passagens q vc me mandou, e se quiser pode mandar mais!!! hehehe
ultimamente tenho queimado meus miolos pensando... acho ate que to muito existencialista... ando pensando tanto q chega a doer a alma!!! entende???
...



From: sandrovisks@hotmail.com
To: elma_moreira@hotmail.com
Subject: RE: Nirvana...
Date: Mon, 29 Dec 2008 18:39:09 -0200


Meu incrível, esta perfeito! Parabéns hsuahsuahsuahsuhausha

Nâo resisti e escrevi algo que pensei ponderando em relação ao seu texto!


Não sei o quanto isso é seu o do nietzsche, mas  é perfeito com o que conheço da sua vida. Acho que é o primeiro passo para a liberdade.
Tenha uma frase que eu costumo sempre dizer:

  "O ser humano é a coisa mais nojenta do mundo"

Alessandro Brito


 "Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém"

 Nelson Rodrigues

Não se importe de ter pensamentos sórdidos, todos temos, mas por favor não deixe o tempo passar em vão... não faça isso com sua vida... ela pode deixar de existir a qualquer momento.


Quem passou pela vida em brancas nuvens e em plácido repouso adormeceu, quem nunca sentiu o frio da desgraça,quem passou pela vida e não sofreu. Foi espectro de homem não foi homem só passou pela vida não viveu.

Francisco Otaviano


Tudo mudou no meu modo de enxergar o mundo, quando meu Tio faleceu (pessoa mais importante da minha vida).

Não tive quem tentasse controlar minha vida, sempre fui livre pra ir e vir, fazer ou não... Mas comecei a refletir sobre o que o mundo queria de mim e percebi que ele quem ditava as regras e que eu cegamente as seguia sem questionamento.
Então porque não faço isso ou aquilo? Horas que pergunta mais idiota, porque não é "ético". Poxa é mesmo! Mas um instante, quem disse que não é "ético"? Bom não sei, apenas sei que não é "ético" e pronto. Então veio o choque ao lembrar- me da frase:


"conheça-te a ti mesmo"

Platão

Foi quando então cheguei á dura conclusão que eu não era nada, que nunca fui ninguém... Somos um monte de idéias compradas, de nossos pais, amigos, televisão, jornal, rádio e até mesmo da "história"... Mas quem realmente eu sou? Em que realmente acredito? O que “eu” acho “ético"? Ninguém quer saber?! Querem simplesmente que eu continue a fazer o que eles fazem, é bom lembrar que o "certo ou errado" só existe porque eu e você concordamos que ele exista... Que a propriedade privada só existe porque concordamos que ela exista! Assim como mais um monte de preceitos! Bem, mas se não fosse assim, o mundo seria uma desordem! Mas me digam: Ele não é mesmo uma bela desordem louca e generalizada? Citaria o Oriente Médio da "Guerra Santa", é ou não uma desordem generalizada? Mas infelizmente no “meu mundinho” Ocidental não damos a mínima!

Extremista eu? Não de jeito nenhum:

"Seu paradoxo é que você se dedica à busca da verdade, mas não consegue suportar a visão de sua descoberta."

Nietzsche

Não me lembro do programa de ensino público fazer referência a respeito do que acontece daquele lado do atlântico onde o Tio Sam não faz muito sucesso com seus pezinhos globalizado. Afinal o Oriente médio que se dane não é mesmo, o importante são as bases de petróleo, o resto
à história pula.

 Da tranqüilidade a beira da loucura em meio minuto de reflexão, talvez Sócrates tenha  tomado a sicuta não por te sido sentenciado, mas talvez, por não aguentar mais seus pensamentos simples e básicos incompreendidos por todos aqueles que o cercavam, talvez eu esteja tão inconstante comigo mesmo que não admito que isso ocorra até os dias de hoje, será que os séculos de história não valeram de nada?!

"Temos que viver como se fôssemos livres." Molde o seu destino da forma que quiser, você que esta na diretriz.
"O que quero dizer mesmo é que o homem nasceu sozinho, embora se junte, se agarre, mas nunca consegue escapar da solidão, são as solidões aglomeradas que se formam e se desfazem, porque na verdade a solidão é o nascimento, a vivência e a morte".
Paulo César Pinheiro
Por vezes dissimulei um olhar e maquinei um sorriso; certamente para não expor minha verdadeira indignação ou para negar um demasiado incômodo! "Amamos mais o desejo do que o desejado”.
A pior coisa do mundo é talento desperdiçado, veja quantos autores foram citados neste texto, agora pense, e se estes tivessem passado suas vidas fazendo o que não lhe agradavam, vivendo para ou outros, ou para corresponder as expectativas alheias, se os sorrisos falsos estivessem estampados nos rostos deles, certamente nunca entenderíamos o quanto é valioso um sorriso pra quem chora, assim como o seu olhar denúncia e clama por ajuda, pense que olhares ao seu redor também possam ser dissimulados e frígidos pois eles usam da mesma máscara que você, e clamam pela mesma compreensão. A vida não tem preço, a felicidade também não, acredito que ser sincero seja o sacrifício maior para conhecer a si mesmo, onde não há sinceridade nunca podera existir felicidade, esteja disposto a pagar o preço.

Alessandro Brito

sábado, 22 de junho de 2019

Umas e outras - Chico Buarque

Se uma nunca tem sorriso
É pra melhor se reservar
E diz que espera o paraíso
E a hora de desabafar
A vida é feita de um rosário
Que custa tanto a se acabar
Por isso às vezes ela para
E senta um pouco pra chorar
Que dia! Nossa, pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar

Se a outra não tem paraíso
Não dá muita importância, não
Pois já forjou o seu sorriso
E fez do mesmo profissão
A vida é sempre aquela dança
Onde não se escolhe o par
Por isso às vezes ela cansa
E senta um pouco pra chorar
Que dia! Puxa, que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar

Mas toda santa madrugada
Quando uma já sonhou com Deus
E a outra, triste enamorada
Coitada, já deitou com os seus
O acaso faz com que essas duas
Que a sorte sempre separou
Se cruzem pela mesma rua
Olhando-se com a mesma dor
Que dia! Nossa, pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar
Que dia! Puxa, que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar
Que dia! Cruzes, que vida comprida
Pra que tanta vida pra gente desanimar.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Simplesmente - Paulinho Nogueira

Quantas vezes eu já fracassei
Quantos bons momentos desprezei
Por pensar demais, por ouvir demais
Por não saber olhar a vida simplesmente
Dentro desse louco turbilhão
Cada um querendo ser melhor
É muito melhor se deixar ficar
Em tudo que você sentir
Simplesmente

E logo de manhã olhar bem dentro de você
Nas coisas como você vê
Duvidar então do que querem
Fazer você olhar, fazer você ouvir
Fazer você pensar
E chegando a noite devagar
Descontrair sua razão, soltar de leve o coração
Procurar alguém, o seu bem verdadeiro tão somente,
Que vai saber simplesmente o que e bom pra você

E logo de manhã olhar...

Blog - Qual delas


Quem Somos

Mais que um admirador da música popular brasileira (MPB), o caminho que percorri para atender ao meu prazer sobre o assunto, me levou a ser “o acumulador de canções”.

Daí a necessidade de um site como o “Qual delas?”, dedicado a essa MPB. Tem por objetivo divulgá-la a partir da exposição das canções em vários formatos e “roupagens”, contribuindo na difusão de grande parte da nossa memória musical. Para maiores informações e sugestões, fale conosco pelo e-mail: contato@qualdelas.com.br

O site é amador e tem caráter cultural / informativo, sem fins lucrativos. O “Qual delas?” não hospeda arquivos de música, nem os negocia. Assim, todos os arquivos aqui indicados estão hospedados na Internet. As canções aqui apresentadas têm o seu uso limitado apenas à apreciação “on-line”.
A COMPARAÇÃO É INEVITÁVEL. VAMOS OUVINDO E OPINANDO SOBRE QUALQUER DETALHE, QUE PARA VOCÊ SEJA RELEVANTE.

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Salvador Lacerda Falcão


http://qualdelas.com.br/

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Alto Preço de Viver Longe de Casa - Ruth Manus

Voar: a eterna inveja e frustração que o homem carrega no peito a cada vez que vê um pássaro no céu. Aprendemos a fazer um milhão de coisas, mas voar… Voar a vida não deixou. Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas. E que, neste caso, poder voar nos causaria crises difíceis de suportar, entre a tentação de ir e a necessidade de ficar.

Muito bem. Aí o homem foi lá e criou a roda. A Kombi. O patinete. A Harley. O Boeing 737. E a gente descobriu que, mesmo sem asas, poderia voar. Mas a grande complicação foi quando a gente percebeu que poderia ir sem data para voltar.

E assim começaram a surgir os corajosos que deixaram suas cidades de fome e miséria para tentar alimentar a família nas capitais, cheias de oportunidades e monstros. Os corajosos que deixaram o aconchego do lar para estudar e sonhar com o futuro incrível e hipotético que os espera. Os corajosos que deixaram cidades amadas para viver oportunidades que não aparecem duas vezes. Os corajosos que deixaram, enfim, a vida que tinham nas mãos, para voar para vidas que decidiram encarar de peito aberto.

A vida de quem inventa de voar é paradoxal, todo dia. É o peito eternamente divido. É chorar porque queria estar lá, sem deixar de querer estar aqui. É ver o céu e o inferno na partida, o pesadelo e o sonho na permanência. É se orgulhar da escolha que te ofereceu mil tesouros e se odiar pela mesma escolha que te subtraiu outras mil pedras preciosas.

E começamos a viver um roteiro clássico: deitar na cama, pensar no antigo-eterno lar, nos quilômetros de distância, pensar nas pessoas amadas, no que eles estão fazendo sem você, nos risos que você não riu, nos perrengues que você não estava lá para ajudar. É tentar, sem sucesso, conter um chorinho de canto e suspirar sabendo que é o único responsável pela própria escolha. No dia seguinte, ao acordar, já está tudo bem, a vida escolhida volta a fazer sentido. Mas você sabe que outras noites dessa virão.

Mas será que a gente aprende? A ficar doente sem colo, a sentir o cheiro da comida com os olhos, a transformar apartamentos vazios na nossa casa, transformar colegas em amigos, dores em resistência, saudades cortantes em faltas corriqueiras?

Será que a gente aprende? A ser filho de longe, a amar via Skype, a ver crianças crescerem por vídeos, a fingir que a mesa do bar pode ser substituída pelo grupo do whatsapp, a ser amigo através de caracteres e não de abraços, a rir alto com HAHAHAHA, a engolir o choro e tocar em frente?

Será que a vida será sempre esta sina, em qualquer dos lados em que a gente esteja? Será que estaremos aqui nos perguntando se deveríamos estar lá e vice versa? Será teste, será opção, será coragem ou será carma?

Será que um dia saberemos, afinal, se estamos no lugar certo? Será que há, enfim, algum lugar certo para viver essa vida que é um turbilhão de incertezas que a gente insiste em fingir que acredita controlar?

Eu sei que não é fácil. E que admiro quem encarou e encara tudo isso, todo dia.

Quem deixou Vitória da Conquista, São José do Rio Preto, Floripa, Juiz de Fora, Recife, Sorocaba, Cuiabá ou Paris para construir uma vida em São Paulo. Quem deixou São Paulo pra ir para o Rio, para Brasília, Dublin, Nova York, Aix-en-provence, Brisbane, Lisboa. Quem deixou a Bolívia, a Colômbia ou o Haiti para tentar viver no Brasil. Quem trocou Portugal pela Itália, a Itália pela França, a França pelos Emirados. Quem deixou o Senegal ou o Marrocos para tentar ser feliz na França. Quem deixou Angola, Moçambique ou Cabo Verde para viver em Portugal. Para quem tenta, para quem peita, para quem vai.

O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado. Keep walking.

Frase - Alessandro Brito

Minha alma baila desvairada, buscando esbarrar em qualquer outra que esteja tão perdida quanto ela.

Recordações - Francisco Otaviano

Oh! se te amei! Toda a manhã da vida
Gastei-a em sonhos que de ti falavam!
Nas estrelas do céu via teu rosto,
Ouvia-te nas brisas que passavam:
Oh! se te amei! Do fundo de minh’alma
Imenso, eterno amor te consagrei...
Era um viver em cisma de futuro!
    Mulher! oh! se te amei!

Quando um sorriso os lábios te roçava,
Meu Deus! que entusiasmo que sentia!
Láurea coroa de virente rama,
Inglório bardo, a fronte me cingia;
À estrela d’alva, às nuvens do Ocidente,
Em meiga voz teu nome confiei.
Estrela e nuvens bem no seio o guardam;
    Mulher! oh! se te amei!

Oh! se te amei! As lágrimas vertidas,
Alta noite por ti; atroz tortura
Do desespero d’alma, e além, no tempo,
Uma vida a sumir-se na loucura...
Nem aragem, nem sol, nem céu, nem flores,
Nem a sombra das glórias que sonhei...
Tudo desfez-se em sonhos e quimeras...
    Mulher! oh! se te amei!

Decepção de um autor - Padeirinho

Desci do morro com meu samba pra cidade
E tive uma grande decepção
No meio da alta sociedade
Desfizeram da minha composição

Infelizmente quem compõem no morro
Não tem direito a gravação (Sem razão)

Enquanto o compositor do morro
Pede socorro e não encontra proteção
Existem os que vivem no apojeu
As custas de melodias de autores como eu.

Hora de chorar - Império Serrano

Com licença, está na minha hora de chorar
Paciência, tenho que desabafar
Só quem perdeu seu grande amor
Sabe dar valor ao pranto meu
Quero ver chorar quem não sofreu,
Quero ver chorar quem não sofreu.

Deixa meu pranto rolar
Hoje eu quero sofrer
A recordação de um grande amor
Faço do pranto a dor da minha dor
Ôooo
Esse pranto faz parte do meu desamor

terça-feira, 18 de junho de 2019

TPM perenal - Alessandro Brito

Ando bem estranho, fora da minha zona de conforto filosófica. Me vejo numa "TPM" perenal com os sentidos a flor da pele, sem contar essa comoção sem fim que resolveu fazer morada. Sei que estou num processo de desintoxicação do meu ego, um conflito interminável de filosofias que vem e vão. Sinto-me uma criança cheia de perguntas (mais que o normal), medos e sonhos... ah se não fossem esses sonhos, sinceramente não sei o que seria de mim. 
É São João, é festa no parque do povo, e o nordeste vai acontecendo na minha retina... Muita garoa nessa época do ano, talvez seja isso, o vento gelado açoitando minhas bochechas me traz muitas lembranças, tudo bem eu sei, não tem nada haver com a garoa, foi só mais uma tentativa sem sucesso de dar uma resposta pra essa mente inquieta.
O coração bobo, refém de um ego escravizador vai palpitando acelerado bombeando sangue pro seu inimigo cérebro, que trabalha a todo vapor, formulando perguntas atrás de perguntas... Meus sentidos se encontram meio sem sentido, não são fáceis esses períodos de transições, ainda mais quando não se sabe bem para onde se está indo. Estou menos crítico em relação a muitas coisas (menos música), dispensando tempo e energia para as cosias que não conheço ainda, ao invés de me preocupar em reclamar do que já sei que não serve pra mim. O meu eu sentimental resolveu sentar a mesa todos os dias, não deixando espaço pra mais nenhum se aproximar, os carinhos andam escassos, e o desejo é apenas de serenar novamente. Bom, o que tenho como referente e de tabela como consolo é mais uma vez o querido versátil e incrível Raul Seixas que numa de nossas conversas me disse: "Não sei onde estou indo, mas sei que estou no meu caminho", obrigado Raul, era tudo que eu necessitava saber.


Frase - Alessandro Brito

Quem sabe das coisas, precisa dizer apenas uma vez, isso já o faz ser ouvido nos quatro cantos.

Bandeira da fé - Martinho da vila

Vamos
Levantar a bandeira da fé
Não esmoreçam e fiquem de pé
Pra mostrar que há força no amor

Vamos
Nos unir que eu sei que há jeito
E provar que nós temos direito
Pelo menos a compreensão

Senão um dia
Por qualquer pretexto
Nos botam cabresto e nos dão razão

Pra reconquistar os direitos
Temos que organizar um mutirão
Derrubar os preconceitos e a lei
Do circo e pão

E ao mesmo tempo cantar, sambar, amar, curtir
Só assim tem validade minha gente
Esse nosso existir

segunda-feira, 17 de junho de 2019

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Dominguinhos - Alessandro Brito

Sempre revejo vídeos (ao vivo) do Seu Domingos, ele é sem dúvidas, pra mim, o mais sensível tocador de fole. Assim como Vinícius de Moraes conseguiu atingir 101% de sinergia entre poesia e vivência, Seu Domingos nesse vídeo atingiu 101% de sinergia, uniu de forma definitiva emoção com a música.

Frase - Alessandro Brito

Sobreviver não é o mesmo que viver.

Cansei de amar - Sombrinha

Cansei de amar
De me entregar
Sem receber sequer carinho
Tentei cruzar no teu caminho o meu caminho
De tudo eu fiz pra conservar
Manter um brilho em nosso olhar
Te ver feliz e construir um ninho
Mais uma vez era ilusão
Mas uma vez foi tudo em vão
E outra vez meu coração sozinho

E sendo assim
Eu vejo em fim
Morrer em mim a esperança
De terminar com o mesmo par a mesma dança
Saudade é tudo que restou
Foi mais um sonho que acabou
E tanta dor calou o amor em nossa voz
O que eu sofri você sofreu
Se eu me dei você se deu
Mas não nasceu o verdadeiro o amor em nós

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Jantar - Alessandro Brito

Eu me propus fazer o jantar, eu queria mesmo revê-la. Sairia mais em conta, em todos os aspectos, comprar algo por ae, mas queria que fosse especial e dedicar meu tempo e meus "dotes culinários" me pareceu a forma mais honesta e romântica, é ainda sou um romântico incorrigível. Cuidei de cada detalhe (não foram muitos, falta de opção na cozinha), escolhi a trilha sonora, separei uns LPs: Marvin Gaye, Diana Ross, Berry White... Ela como sempre estava estupenda, aquele sorriso negro é de deixar qualquer malandro de "pomba rolou", uma energia que abala as estruturas de qualquer um que não conseguir sintonizar na sua frequência, imponente, sem frescura, riso solto... mas tudo isso figurou apenas no meu pensamento, pois ela não apareceu. Disse que por conta do trabalho... não importa o motivo, ironicamente essa foi a melhor parte da noite. Me fez perceber que existe mais uma regra dessa sociedade doente que não quero continuar acatando. Não, não é necessário que seja uma via de mão dupla. Nesse primeiro momento é desconfortante pensar assim, foge do meu mundo seguro, mas tenho certeza que amadurecendo a ideia, me tornarei um tanto quanto mais livre. Somos educados a dar para receber, as próprias escrituras pregam isso, mas aos 36 anos tenho a convicção que o que importa é se doar, sentir-se bem, isso, por si só, deve ser o suficiente. Talvez, seja como, quando entendemos que ser a nossa melhor companhia é o fator primordial para sermos bons companheiros. Cada um está onde quer estar, e se não estava comigo, por um motivo ou outro, estava onde queria e eu não era prioridade. Seria muito incomodo, aceitar tal condição vivendo a filosofia de "mão dupla", mas a partir do momento em que faço meu ego entender que não sou o centro do universo e ao invés de focar no "bolo" que levei, focar nas sensações que senti desde quando fui ao mercado escolher o jantar e todo o resto, estou convicto que entrei em um novo processo de evolução. Instintivamente me pego pensado que se não houver a reciprocidade, aquela do senso comum, estarei fazendo papel de idiota, mas isso é porque ainda está enraizada em mim aquela velha filosofia, enquanto não me fizer mal, seguirei agindo dessa forma. Bom apetite!

Frase - Alessandro Brito

Acho que somente morrerei de saudade, não conheço nenhum outro mal do qual eu não possa suportar.

Vandalismo - Alessandro Brito

Sei que já postei muito sobre isso hoje, mas é muito triste ver que as pessoas aceitam docilmente o sistema e a imagem que a mídia faz dele. Ao invés de reclamar porque hoje a cidade está caótica devido as manifestações, reflita que caótica a situação esta faz tempo, com as condições que o sistema nos coloca, e se continuarmos "falando de lado e olhando para o chão", as coisas não vão mudar mesmo.

" Vandalismo não é só depredar ruas... Vandalismo é matar o povo de sede no Nordeste, é massacrar milhares na estação lotada da Sé, é destruir casebres de pobres para construir condomínios de alto padrão... É desfilar em Paris enquanto a cidade clama por soluções... Violência é ser eleito pelo povo e governar para poucos... Violência é desrespeitar conscientemente a Constituição, é gastar R$ 16 milhões por jogo da Copa das Confederações e fechar o Hospital-escola da UFSCar alegando falta de verbas. Violência é manipular as notícias para criar um clima de insegurança... Violência gera violência... Quem te violentou primeiro e te violenta todo dia? O povo é violento? E os governantes, muitos deles não são violentos assassinos do alto de sua cadeiras com o poder mortal da caneta que sanciona a lei que instaura a desigualdade? Uma caneta pode matar tanto ou muito mais do que uma arma... Que país é esse onde só o povo, constantemente vandalizado por um grupo de governantes corruptos, é sempre o culpado? Que país é esse...?
Ninguém deve ser violento... Mas, se é para combatermos a violência, que comecemos pelos maiores assassinos desse país: os políticos que são corruptos e que assassinam milhões de fome, sede e frio todos os dias."

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Frase - Alessandro Brito

Ninguém no universo, em nenhuma época da história da humanidade, falou e externalizou o amor como Vinícius de Moraes.

Pedaços - Vera Lúcia de Oliveira

Estou estilhaçada
silêncios saem da boca
mansos
estava desenhando
palavras
perdi o jeito de amanhecer
tenho tantos pedaços
que sou quase infinita.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Madrugada cadê João - 6º Festival de favela

Madrugada cadê João?
Madrugada cadê João?
E madrugada cadê João?
Madrugada cadê João?

Um grito de socorro
No alto do morro
Como morro é morro
Ninguém lhe socorreu
Fim de samba
Calaram-se os bambas
Até o surdo emudeceu

João, era samba em pessoa
Também era gente boa
E a todos respeitava
Mas bandido não tem alma
Fez João perder a calma
Mais um sambista se foi
Outro dia, houve samba
Voltam os bambas
Sempre cantando este refrão
Coisa mais triste da vida
É a morte quando chega
Leva tudo de roldão
Não procura saber se a gente quer ir ou não.

Rolleiflex


— Mais sorte tem o defunto,
irmãos das almas,
pois já não fará na volta
a caminhada.
— Toritama não cai longe,
irmão das almas,
seremos no campo santo
de madrugada.
— Partamos enquanto é noite,
irmão das almas,
que é melhor lençol dos mortos
noite fechada.

Declaração de Amor - Luis Fernando Veríssimo

Tentei dizer quanto te amava, aquela vez, baixinho
mas havia um grande berreiro, um enorme burburinho
e, pensado bem, o berçário não era o melhor lugar.

Você de fraldas, uma graça, e eu pelado lado a lado,
cada um recém-chegado você em saber ouvir, eu sem saber falar.

Tentei de novo, lembro bem, na escola.

Um PS no bilhete pedindo cola interceptado pela
professora como um gavião.

Fui parar na sala da diretora e depois na rua
enquanto você, compreensivelmente, ficou na sua.

A vida é curta, longa é a paixão.
Numa festinha, ah, nossas festinhas, disse tudo:
"Eu te adoro, te venero, na tua frente fico mudo"
E você não disse nada. E você não disse nada.

Só mais tarde, de ressaca, atinei.
Cheio de amor e Cuba, me enganei e disse tudo para uma almofada.

Gravei, em vinte árvores, quarenta corações.
O teu nome, o meu, flechas e palpitações:

No mal-me-quer, bem-me-quer, dizimei jardins.

Resultado: sou persona pouco grata corrido a gritos de
"Mata! Mata!" por conservacionistas, ecólogos e afins.

Recorri, em desespero, ao gesto obsoleto:
"Se não me segurarem faço um soneto"
E não é que fiz, e até com boas rimas?
Você não leu, e nem sequer ficou sabendo.
Continuo inédito e por teu amor sofrendo
Mas fui premiado num concurso em Minas.

Comecei a escrever com pincel e piche num muro branco, o asseio que se lixe, todo o meu amor para a tua ciência.

Fui preso, aos socos, e fichado.

Dias e mais dias interrogado: era PC, PC do B ou alguma dissidência?

Te escrevi com lágrimas , sangue, suor e mel
(você devia ver o estado do papel)
uma carta longa, linda e passional.
De resposta nem uma carinha
nem um cartão, nem uma linha!
Vá se confiar no Correio Nacional.

Com uma serenata, sim, uma serenata como nos tempos da Cabocla Ingrata me declararia, respeitando a métrica.
Ardor, tenor, a calçada enluarada...
havia tudo sob a tua sacada
menos tomada pra guitarra elétrica.

Decidi, então, botar a maior banca no céu escrever com
fumaça branca: "Te amo, assinado.." e meu nome bem
legível. Já tinha avião, coragem, brevê, tudo para
impressionar você mas veio a crise, faltou o combustível.

Ontem você me emprestou seu ouvido e na discoteca, em
meio do alarido, despejei meu coração.
Falei da devoção ha anos entalada e você disse "Não
escuto banda". Disse "eu não escuto nada".
Curta é a vida, longa é a paixão.

Na velhice, num asilo, lado a lado em meio a um silêncio
abençoado direi o que sinto, meu bem.
O meu único medo é que então empinando a orelha com a mão você me responda só: "Hein?"

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Amor pra que nasceu - Martinho da Vila



Ai amor
Pra que nasceu
Com a missão de ser amor sem fim
E pra que me convenceu
Que eu era seu
E que você nasceu pra mim
Pra que me multipliquei
E a mim somei você sem calcular
Que o sentimentos que provem
De um doce olhar
E sofrimento é só tormento e faz chorar

Uma flor nasceu
Outra floresceu
Você não pensou
Nas flores que o amor nos deu
Nem soube lutar
Pelo nosso amor
E ficou a dor
Neste nosso olhar

Frase - Alessandro Brito

Não, eu não sou veloz de mais, quem assim me vê, é porque não entendeu que o que sou na realidade é intenso demais.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Frase - Alessandro Brito

O duplo sentido é quando você pode ouvir a música ao lado de uma criança e não se sentir constrangido, ou seja, as músicas escrotas de hoje, que dizem ser as mesmas, dessa época áurea, não falam de duplo sentido, elas são pornografia exposta.

Frase - Alessandro Brito

O medo de seguir o que o coração dita, e ser apenas racional, pode custar muito caro... Para as peças que o amor prega não existe racionalidade, existe apenas um turbilhão de sentimentos que mudam a cada milésimo e revira tudo por dentro da gente e revira tudo em nossa vida... O preço que se paga por descurar um amor sincero é muito alto...
Não sou rico o suficiente para arcar com estes tributos, por isso, amo todos os dias da minha vida.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Eternas, Apaixonadas - Wolfgang Amadeus Mozart

Amar-te-ei, em todas as épocas,
em todo momento
Que passem as águas por muitas pontes
e que debruce a saudade por muitas
serras e montes, amar-te-ei,
como se fosse a primeira vez e única,
apesar das tantas aventuras!
Ainda além deste céu, nas alturas.
Eternamente...
Ainda que outro alguém o tenha
entre lençóis confidentes,
mesmo que os beijos sejam molhados
e quentes,
à parte, nossa alma vaga enamorada,
sobre qualquer prazer da carne ou qualquer
entrega fugaz .
Eternas, apaixonadas
Amar-te-ei, sobre qualquer dor que me pese
o orgulho ferido, o despeito revolvido!
Sobre qualquer punhalada em meu coração,
sobre qualquer distância a nós imputada...
Porque sei, amor de mim , que ainda assim...
Não é pequeno o nosso comprometimento .
Ah! Soubessem todos o tamanho
Pobre carne, pequeno tempo!


!

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Recordação - Alessandro Brito



As pessoas não entendem muito bem o porque de eu tirar tantas fotos "toscas"...
Se elas entendessem que vislumbro lá na frente, quando os anos passarem... Me entenderiam e certamente iniciaria-se uma competição de quem tira mais foto "tosca".

Acho que tenho essa visão justamente por não ter fotos de minha infância.
Fotos jogando futebol no campo (que não existe mais) ou correndo nas ruas de terra (que hoje estão asfaltadas) putz, descendo de rolimã aquela puta ladeira de "Beverllyders"...

Eu matei muitas e muitas aulas para ir no Seu Toninho (falecido) jogar fliperama (Street Figther I, Final Figther, Mortal Kombat I, Dinossauro Cadilac e claro Campeonato brasilerio) depois assumido por sua esposa Dona Cida, eu passei dias dentro daquele lugar, e não tenho uma foto se quer. Alguns dos que por lá jogavam, partiram prematuramente, tenho vagas lembranças deles...

Fico realmente chateado por não ter foto da Joguinha (Axis 90 Yamaha o ano era 1994) formou-se um grupinho que acreditem, gastava 2 tanques de gasolina num sábado. Época em que a gasolina custava R$0,80 centavos, percorríamos todos os bairros de SBC... Acordei diversas vezes as 4:30 para ir até o parque Espacial ver o sol nascer, era incrível! Não tenho uma foto se quer dessas pessoas, muito embora ainda tenha contato com muitas delas.

Dos velhos amigos do meu pai que já se foram também não tenho fotos... Eles são lendários pra mim.
Eram a minha Liga da justiça, em sua maioria nordestinos cheios de histórias para contar, eu realmente pirava na batatinha com eles. Fosse no bar na mesa de sinuca, fosse nas casas de jogos clandestinos madrugada a fora, tinha o "DIM" o "Zé Preto" (que ouvia Amado batista 24 hs) meu padrinho "Bigode" o "TÉTÉ" o Zé Luiz" nem queiram saber quem são... rs.
Estes apesar dos anos ainda estão bem vivos na minha memória.

Ai ai ai e as roupas que usava? Quase um surfista, sem prancha nem mar. Ok tudo bem, também passou, nem tudo é pra lamentar. rs

E os cortes de cabelo? O Isaac (falecido) dizia: "Qué talco ou qué que muí?", o danado ainda batia um fut, também não tenho fotos...
Não sinto saudades do barraco de madeira que morei por muitos anos (onde fui feliz pra caraleoooooooo)... Mas trago como uma doce recordação de que tudo na vida passa.

Não tenho fotos com meus tios, nem avós, nem os parceiros que me acompanham até hoje, ao menos daquela época não.

Não tenho fotos da escola...

"E.E.P.S.G. Jornalista Vladimir Herzog
Hoje o dia está ensolarado"

Poxa, nos plantamos um jardim na frente de toda a escola... Caraca, nem uma fotinho desses dias... Professor Orlando, nem uma fotinho também, ele nos ensinou a fazer conta no ábaco, cala bocaaaaaaaaa, mestre dos mestres!!!!!!!
Foram 11 anos na mesma escola (1 serie ao 3 ano do colegial, e era essa a nomenclatura da época rs) e nada de fotos...

Enfim... hoje tenho fotos, em todos os lugares, com todos os cortes (e barbas) com todos amigos, no luxo e no lixo, mas se as registros é porque elas são "eu". rs

Como diria Fernando (habbs ou Guedaro, o terror das garçonetes):
"Foto é um pedacinho da eternidade"...

Segue o texto que me fez refletir por uns instantes a respeito das fotos que eu não tirei.


Recordação

'Não faz sentido, pra que que a pessoa quer gravar as coisas que não são da vida dela e as coisas que são, não?'

"Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado", ele disse, me olhando pelo retrovisor. Fiquei sem reação: tinha pegado o táxi na Nove de Julho, o trânsito estava ruim, levamos meia hora para percorrer a Faria Lima e chegar à rua dos Pinheiros, tudo no mais asséptico silêncio, aí, então, ele me encara pelo espelhinho e, como se fosse a continuação de uma longa conversa, solta essa: "Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado".

Meu espanto, contudo, não durou muito, pois ele logo emendou: "Nunca vou esquecer: 1º de junho de 1988. A gente se conheceu num barzinho, lá em Santos, e dali pra frente nunca ficou um dia sem se falar! Até que cinco anos atrás... Fazer o que, né? Se Deus quis assim...".

Houve um breve silêncio, enquanto ultrapassávamos um caminhão de lixo e consegui encaixar um "Sinto muito". "Obrigado. No começo foi complicado, agora tô me acostumando. Mas sabe que que é mais difícil? Não ter foto dela." "Cê não tem nenhuma?" "Não, tenho foto, sim, eu até fiz um álbum, mas não tem foto dela fazendo as coisas dela, entendeu? Que nem: tem ela no casamento da nossa mais velha, toda arrumada. Mas ela não era daquele jeito, com penteado, com vestido. Sabe o jeito que eu mais lembro dela? De avental. Só que toda vez que tinha almoço lá em casa, festa e alguém aparecia com uma câmera na cozinha, ela tirava correndo o avental, ia arrumar o cabelo, até ficar de um jeito que não era ela. Tenho pensado muito nisso aí, das fotos, falo com os passageiros e tal e descobri que é assim, é do ser humano, mesmo. A pessoa, olha só, a pessoa trabalha todo dia numa firma, vamos dizer, todo dia ela vai lá e nunca tira uma foto da portaria, do bebedor, do banheiro, desses lugares que ela fica o tempo inteiro. Aí, num fim de semana ela vai pra uma praia qualquer, leva a câmera, o celular e tchuf, tchuf, tchuf. Não faz sentido, pra que que a pessoa quer gravar as coisas que não são da vida dela e as coisas que são, não? Tá acompanhando? Não tenho uma foto da minha esposa no sofá, assistindo novela, mas tem uma dela no jet ski do meu cunhado, lá na Guarapiranga. Entro aqui na Joaquim?" "Isso."

"Ano passado me deu uma agonia, uma saudade, peguei o álbum, só tinha aqueles retratos de casório, de viagem, do jet ski, sabe o que eu fiz? Fui pra Santos. Sei lá, quis voltar naquele bar." "E aí?!" "Aí que o bar tinha fechado em 94, mas o proprietário, um senhor de idade, ainda morava no imóvel. Eu expliquei a minha história, ele falou: Entra'. Foi lá num armário, trouxe uma caixa de sapatos e disse: É tudo foto do bar, pode escolher uma, leva de recordação'."

Paramos num farol. Ele tirou a carteira do bolso, pegou a foto e me deu: umas 50 pessoas pelas mesas, mais umas tantas no balcão. "Olha a data aí no cantinho, embaixo." "1º de junho de 1988?" "Pois é. Quando eu peguei essa foto e vi a data, nem acreditei, corri o olho pelas mesas, vendo se achava nós aí no meio, mas não. Todo dia eu olho essa foto e fico danado, pensando: será que a gente ainda vai chegar ou será que a gente já foi embora? Vou morrer com essa dúvida. De qualquer forma, taí o testemunho: foi nesse lugar, nesse dia, tá fazendo 25 anos, hoje. Ali do lado da banca, tá bom pra você?"

terça-feira, 4 de junho de 2019

Inquilino do Universo - Roberto Ribeiro



Eu não quero nada pra amanhã
Eu quero tudo agora
Pois a morte é traiçoeira
Chega sem dizer a hora
(duas vezes)

Eu já pago esse chão pra caminhar
Pago a água pra beber
Pago até pra sorrir
Sei que paguei pra nascer
Eu pago o sucesso e pago o fracasso
A subida e a descida
Pago pra viver mas não sou dono da vida
Tem que seguir minha caminhada
Eu pago tudo é não sou dono de nada

A natureza me gera e me cria
Mas depois se alimenta de mim
Na chegada da velhice
Quando tudo chega ao fim
Sou um padre sem paróquia
Um produto sem mercado
Volto a ser criança aguardando o chamado
Para dar uma mão à morte e um adeus à vida
Pago muito caro minha despedida
Viajo coberto de flores
Viagem que não tem regresso
Porque sou e quem não é
Inquilino do universo.

Trio dos Sonhos - Zinho - Dió - Dominguinhos

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Por que os jovens profissionais da geração Y estão infelizes

30 de outubro de 2013 igor_johansen

Por que os jovens profissionais da geração Y estão infelizes.

Esta é a Ana.




Ana é parte da Geração Y, a geração de jovens nascidos entre o fim da década de 1970 e a metade da década de 1990. Ela também faz parte da cultura Yuppie, que representa uma grande parte da geração Y.

    “Yuppie” é uma derivação da sigla “YUP”, expressão inglesa que significa “Young Urban Professional”, ou seja, Jovem Profissional Urbano. É usado para referir-se a jovens profissionais entre os 20 e os 40 anos de idade, geralmente de situação financeira intermediária entre a classe média e a classe alta. Os yuppies em geral possuem formação universitária, trabalham em suas profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda".
Wikipedia

Eu dou um nome para yuppies da geração Y — costumo chamá-los de “Yuppies Especiais e Protagonistas da Geração Y”, ou “GYPSY” (Gen Y Protagonists & Special Yuppies). Um GYPSY é um tipo especial de yuppie, um tipo que se acha o personagem principal de uma história muito importante.

Então Ana está lá, curtindo sua vida de GYPSY, e ela gosta muito de ser a Ana. Só tem uma pequena coisinha atrapalhando:

Ana está meio infeliz.

Para entender a fundo o porquê de tal infelicidade, antes precisamos definir o que faz uma pessoa feliz, ou infeliz. É uma formula simples:
É muito simples — quando a realidade da vida de alguém está melhor do que essa pessoa estava esperando, ela está feliz. Quando a realidade acaba sendo pior do que as expectativas, essa pessoa está infeliz.

Para contextualizar melhor, vamos falar um pouco dos pais da Ana:

Os pais da Ana nasceram na década de 1950 — eles são “Baby Boomers“. Foram criados pelos avós da Ana, nascidos entre 1901 e 1924, e definitivamente não são GYPSYs.
Na época dos avós da Ana, eles eram obcecados com estabilidade econômica e criaram os pais dela para construir carreiras seguras e estáveis. Eles queriam que a grama dos pais dela crescesse mais verde e bonita do que eles as deles próprios. Algo assim:

Eles foram ensinados que nada podia os impedir de conseguir um gramado verde e exuberante em suas carreiras, mas que eles teriam que dedicar anos de trabalho duro para fazer isso acontecer.


Depois da fase de hippies insofríveis, os pais da Ana embarcaram em suas carreiras. Então nos anos 1970, 1980 e 1990, o mundo entrou numa era sem precedentes de prosperidade econômica. Os pais da Ana se saíram melhores do que esperavam, isso os deixou satisfeitos e otimistas.

Tendo uma vida mais suave e positiva do que seus próprios pais, os pais da Ana a criaram com um senso de otimismo e possibilidades infinitas. E eles não estavam sozinhos. Baby Boomers em todo o país e no mundo inteiro ensinaram seus filhos da geração Y que eles poderiam ser o que quisessem ser, induzindo assim a uma identidade de protagonista especial lá em seus sub-conscientes.

Isso deixou os GYPSYs se sentindo tremendamente esperançosos em relação à suas carreiras, ao ponto de aquele gramado verde de estabilidade e prosperidade, tão sonhado por seus pais, não ser mais suficiente. O gramado digno de um GYPSY também devia ter flores.

Isso nos leva ao primeiro fato sobre GYPSYs:

GYPSYs são ferozmente ambiciososPresident1
O GYPSY precisa de muito mais de sua carreira do que somente um gramado verde de prosperidade e estabilidade. O fato é, só um gramado verde não é lá tão único e extraordinário para um GYPSY. Enquanto seus pais queriam viver o sonho da prosperidade, os GYPSYs agora querem viver seu próprio sonho.

Cal Newport aponta que “seguir seu sonho” é uma frase que só apareceu nos últimos 20 anos, de acordo com o Ngram Viewer, uma ferramenta do Google que mostra quanto uma determinada frase aparece em textos impressos num certo período de tempo. Essa mesma ferramenta mostra que a frase “carreira estável” saiu de moda, e  também que a frase “realização profissional” está muito popular.




Para resumir, GYPSYs também querem prosperidade econômica assim como seus pais – eles só querem também se sentir realizados em suas carreiras, uma coisa que seus pais não pensavam muito.

Mas outra coisa está acontecendo. Enquanto os objetivos de carreira da geração Y se tornaram muito mais específicos e ambiciosos, uma segunda ideia foi ensinada à Ana durante toda sua infância:

Este é provavelmente uma boa hora para falar do nosso segundo fato sobre os GYPSYs:

GYPSYs vivem uma ilusão

Na cabeça de Ana passa o seguinte pensamento: “mas é claro… todo mundo vai ter uma boa carreira, mas como eu sou prodigiosamente magnífica, de um jeito fora do comum, minha vida profissional vai se destacar na multidão”. Então se uma geração inteira tem como objetivo um gramado verde e com flores, cada indivíduo GYPSY acaba pensando que está predestinado a ter algo ainda melhor:

Um unicórnio reluzente pairando sobre um gramado florido.


Mas por que isso é uma ilusão? Por que isso é o que cada GYPSY pensa, o que põe em xeque a definição de especial:

    es-pe-ci-al | adjetivo
    melhor, maior, ou de algum modo
    diferente do que é comum


De acordo com esta definição, a maioria das pessoas não são especiais, ou então “especial” não significaria nada.

Mesmo depois disso, os GYPSYs lendo isto estão pensando, “bom argumento… mas eu realmente sou um desses poucos especiais” – e aí está o problema.

Uma outra ilusão é montada pelos GYPSYs quando eles adentram o mercado de trabalho. Enquanto os pais da Ana acreditavam que muitos anos de trabalho duro eventualmente os renderiam uma grande carreira, Ana acredita que uma grande carreira é um destino óbvio e natural para alguém tão excepcional como ela, e para ela é só questão de tempo e escolher qual caminho seguir. Suas expectativas pré-trabalho são mais ou menos assim:


Infelizmente, o mundo não é um lugar tão fácil assim, e curiosamente carreiras tendem a ser muito difíceis. Grandes carreiras consomem anos de sangue, suor e lágrimas para se construir – mesmo aquelas sem flores e unicórnios – e mesmo as pessoas mais bem sucedidas raramente vão estar fazendo algo grande e importante nos seus vinte e poucos anos.

Mas os GYPSYs não vão apenas aceitar isso tão facilmente.

Paul Harvey, um professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, e expert em GYPSYs, fez uma pesquisa onde conclui que a geração Y tem “expectativas fora da realidade e uma grande resistência em aceitar críticas negativas” e “uma visão inflada sobre si mesmo”. Ele diz que “uma grande fonte de frustrações de pessoas com forte senso de grandeza são as expectativas não alcançadas. Elas geralmente se sentem merecedoras de respeito e recompensa que não estão de acordo com seus níveis de habilidade e esforço, e talvez não obtenham o nível de respeito e recompensa que estão esperando”.

Para aqueles contratando membros da geração Y, Harvey sugere fazer a seguinte pergunta durante uma entrevista de emprego: “Você geralmente se sente superior aos seus colegas de trabalho/faculdade, e se sim, por quê?”. Ele diz que “se o candidato responde sim para a primeira parte mas se enrola com o porquê, talvez haja um senso inflado de grandeza. Isso é por que a percepção da grandeza é geralmente baseada num senso infundado de superioridade e merecimento. Eles são levados a acreditar, talvez por causa dos constantes e ávidos exercícios de construção de auto-estima durante a infância, que eles são de alguma maneira especiais, mas na maioria das vezes faltam justificativas reais para essa convicção”.

E como o mundo real considera o merecimento um fator importante, depois de alguns anos de formada, Ana se encontra aqui:

A extrema ambição de Ana, combinada com a arrogância, fruto da ilusão sobre quem ela realmente é, faz ela ter expectativas extremamente altas, mesmo sobre os primeiros anos após a saída da faculdade. Mas a realidade não condiz com suas expectativas, deixando o resultado da equação “realidade – expectativas = felicidade” no negativo.

E a coisa só piora. Além disso tudo, os GYPSYs tem um outro problema, que se aplica a toda sua geração:

GYPSYs estão sendo atormentados

Obviamente, alguns colegas de classe dos pais da Ana, da época do ensino médio ou da faculdade, acabaram sendo mais bem-sucedidos do que eles. E embora eles tenham ouvido falar algo sobre seus colegas de tempos em tempos, através de esporádicas conversas, na maior parte do tempo eles não sabiam realmente o que estava se passando na carreira das outras pessoas.

A Ana, por outro lado, se vê constantemente atormentada por um fenômeno moderno: Compartilhamento de Fotos no Facebook.

As redes sociais criam um mundo para a Ana onde: A) tudo o que as outras pessoas estão fazendo é público e visível a todos, B) a maioria das pessoas expõe uma versão maquiada e melhorada de si mesmos e de suas realidades, e C) as pessoas que expõem mais suas carreiras (ou relacionamentos) são as pessoas que estão indo melhor, enquanto as pessoas que estão tendo dificuldades tendem a não expor sua situação. Isso faz Ana achar, erroneamente, que todas as outras pessoas estão indo super bem em suas vidas, só piorando seu tormento.
Então é por isso que Ana está infeliz, ou pelo menos, se sentindo um pouco frustrada e insatisfeita. Na verdade, seu início de carreira provavelmente está indo muito bem, mas mesmo assim, ela se sente desapontada.

Aqui vão meus conselhos para Ana:

1) Continue ferozmente ambiciosa. O mundo atual está borbulhando de oportunidades para pessoas ambiciosas conseguirem sucesso e realização profissional. O caminho específico ainda pode estar incerto, mas ele vai se acertar com o tempo, apenas entre de cabeça em algo que você goste.

2) Pare de pensar que você é especial. O fato é que, neste momento, você não é especial. Você é outro jovem profissional inexperiente que não tem muito para oferecer ainda. Você pode se tornar especial trabalhando duro por bastante tempo.

3) Ignore todas as outras pessoas. Essa impressão de que o gramado do vizinho sempre é mais verde não é de hoje, mas no mundo da autoafirmação via redes sociais em que vivemos, o gramado do vizinho parece um campo florido maravilhoso. A verdade é que todas as outras pessoas estão igualmente indecisas, duvidando de si mesmas, e frustradas, assim como você, e se você apenas se dedicar às suas coisas, você nunca terá razão pra invejar os outros.

Fonte do texto em inglês: http://www.waitbutwhy.com/2013/09/why-generation-y-yuppies-are-unhappy.html

Fonte em português: http://qga.com.br/comportamento/jovem/2013/09/porque-os-jovens-profissionais-da-geracao-y-estao-infelizes


Fonte: https://demografiaunicamp.wordpress.com/2013/10/30/porque-os-jovens-profissionais-da-geracao-y-estao-infelizes/

sábado, 1 de junho de 2019

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