quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Dicionário - Aleivosia

substantivo feminino

    1.
    traição ou crime cometido com falsas demonstrações de amizade; perfídia, deslealdade.
    2.
    qualidade de quem engana, atraiçoa; dolo, fraude.

Frase - Thomas Sowell

"O racismo ainda não morreu, mas está respirando por aparelhos. Só é mantido vivo por políticos, aproveitadores raciais e pessoas que se sentem superiores por rotular outras de racistas".

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Frase - Alessandro Brito

Então ela olhou nos meus olhos e disse:
“-Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida”.
Minha mente gritava:
Então por que você sempre me deixa ir? Por que você não segura minha mão e enfrenta tudo, juntos? Por que é tão mais fácil me deixar e tentar seguir em frente? Por que não fica?
Mas a única coisa que fiz foi sorrir.
Quero minha armadura de volta, minha cama, meus livros, quero tudo!

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Frase - Charles Bukowski

Caí em meu patético período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O “Adeus” de Teresa - Castro Alves

A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala

E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”

Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa

E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”

Passaram tempos sec’los de delírio
Prazeres divinais gozos do Empíreo
… Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei! descansa!. . . ”
Ela, chorando mais que uma criança,

Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”

Quando voltei era o palácio em festa!
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!

E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”

A música - Charles Baudelaire (in "As Flores do Mal")

A música p'ra mim tem seduções de oceano!
Quantas vezes procuro navegar,
Sobre um dorso brumoso, a vela a todo o pano,
Minha pálida estrela a demandar!

O peito saliente, os pulmões distendidos
Como o rijo velame d'um navio,
Intento desvendar os reinos escondidos
Sob o manto da noite escuro e frio;

Sinto vibrar em mim todas as comoções
D'um navio que sulca o vasto mar;
Chuvas temporais, ciclones, convulsões

Conseguem a minh'alma acalentar.
— Mas quando reina a paz, quando a bonança impera,
Que desespero horrivel me exaspera!



quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Covardia - Alessandro Brito

Foi pura covardia! Triste do ser humano que carrega em suas costas o peso da covardia.
Esse peso ironicamente é como o vento, suave, mas frio e implacável, talvez seja como a fé, não se pode ver, mas pesa toneladas nas costas de quem a carrega.

Os papéis assinados me deram a falsa ilusão de que tudo ficaria bem, sua gentileza foi covarde do início ao fim, premeditada e egoísta ela seduzia-me, mas sua postura quando comparada aos outros casais ao nosso redor, parecia ingênua. Você soube articular bem a redoma que me cobriu e impediu-me de respirar enterrando-me em vida, ferindo-me sem ser ríspido. Fez-me sentir nula, fui constrangedoramente feliz para a sociedade,  nos nossos aniversários, nos aniversários do nosso filho, motivada pela esperança de viver os sonhos vendidos nas assinaturas dos papéis.
Não pude ao menos me retirar da sala, nem reclamar das suas horas em frente a televisão, não tivemos uma sala, não pude reclamar da toalha molhada em cima da cama, ou dos tênis e meias espalhados no quarto, não tivemos um quarto, não pude sorrir pra você na cozinha enquanto dividíamos as tarefas do jantar ou o lanche na madruga depois do sexo, não tivemos uma cozinha, não tivemos uma casa nem moramos juntos, no final do feriado íamos cada qual pra casa dos nossos respectivos pais.
Não foi possível gestar a intimidade, a verdade é que nós abortamos a felicidade no único ano que moramos no mesmo teto, o primeiro ano. Eu não tive coragem de levantar a cabeça olhar no espelho e aceitar que fiz um aborto, o da minha própria felicidade.
Ainda sim a ti me dediquei, fui honesta, fiel, passei noites procurando o que havia de errado em mim que te fazia me colocar naquela condição de esposa que mora na casa da mãe, não entendo sua motivação em agir assim, não assumir a mim ao nosso filho, tive noites infinitas, longas como toda espera daquele que ama, na maioria delas consegui engolir o choro e as palavras, nas outras senti meus olhos arderem, pois só eles tiveram coragem de gritar, eu não. Agora percebo que também fui covarde. Como poderia julgá-lo?
Você me tratou com muito carinho e cordialidade, isso foi muito, muito pouco perto do que mereço. Inevitavelmente nesses milhares de dias passados você foi desaparecendo lentamente dentro de mim, deixando apenas sua réstia, sobras de atenção que eu ainda me apegava. O paradoxo entre sacrifício e covardia aliado a proposta do amor eterno me fez sobrepujar todos os obstáculo, até aqui! Não o amo mais como homem, o sentimento se transformou, nossos nomes deixaram de ter o mesmo sobrenome, você é o pai do meu filho, apenas.
Esse sentimento não é meu e essa história não é a minha, mas poderia ter sido.

P.S.: Um homem que não se dedica a família, nunca será um homem de verdade. Don Vito Corleone

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