quinta-feira, 30 de abril de 2020

Separações - Domingos Oliveira

Nunca pensei que pudesse o homem sentir tanta saudade.
Dizem que a palavra não existe em nenhum outro idioma...
mas eu conheço o seu significado.
A alma procura a outra na velocidade do desatino.
Não há lugar senão para a busca.
Nenhuma satisfação que não seja o encontro.
Nenhum engano possível.
A alma sabe exatamente qual a outra é.
É aquela.
Em tudo maravilha, encontrada seria uma.
Um eterno abraço.
Por que não cala o trovão da mente?
Por que não seca a lágrima da obsessão?
Por que não cessa esta falta que enfraquece?
Essa dor que apenas cresce.
Porque não fecha o peito ardente. Demente.
Ouvi o abismo presente, ouve o ruído dos passos...
Então cai eternamente.
Eu não sei se é verdade que de saudade tambémse morre, mas é melhor morrer do que sentir saudade.”

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