segunda-feira, 18 de março de 2013

Juventude - Domingos de Oliveira

Eu acredito em muitas coisas. Acreditei que o bem sempre venceria o mal. Lembro da minha mãe me acordando, as lágrimas dela rolando, para que eu comemorasse a derrota dos nazistas e o armistício. Acreditei em Freud e na psicanálise; se eu tivesse coragem, eu chegaria ao auto-conhecimento e seria feliz. Acreditei em Marx e na revolução. Se eu tivesse bastante coragem, eu poderia ajudar o mundo a alcançar a justiça social. Acreditei também em muitas outras coisas. Na dignidade, na honra, na inocência, na sabedoria, na razão, na intuição, na ciência e nas artes. Ah, sim, e acreditei mais do que tudo no amor eterno, no amor único, nas forças da paixão segundo Vinicius de Moraes. Acredito até hoje que quando os corpos dos amantes se unem a terra treme. Esta é a minha história, e a história da minha geração. Nós somos aqueles que viveram e sobreviveram a muitos ideais. Aqueles que viram a falência das soluções libertadoras. As que prometiam resolver o próprio enigma da existência humana. Nós somos os que vimos as falências das soluções. Não estou me queixando, não – não me queixo. O melhor é ter ideais, nem que seja para perdê-los – e sair procurando outros.”

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