From: elma_moreira@hotmail.com
To: sandrovisks@hotmail.com
Subject: Nirvana...
Date: Mon, 29 Dec 2008 18:31:35 +0300
Nirvana Intelectual
Nirvana intelectual, mental, pessoal. É este o modo como me sinto ao terminar a leitura e meditar em certas palavras do tão sábio filósofo Nietzsche. Bem que este livro surgiu em boa hora, deixe-me explicar:
Sempre vivo em meu mundo de fantasias, mascaro a realidade para conseguir suportá-la, desenvolvo quase que uma duplicidade de pensamentos e comportamentos, uma vez que minha real situação veda tudo isso! Crio meu mundo fantástico, meu lugar secreto, onde só permito que pouquíssimas pessoas o conheçam, deleito-me com sabores que nunca, em minha vida corriqueira, me seria permitido. Sempre criada em meio a prisões culturais, foi-me ensinado apenas o significado da palavra submissão, significado este que me recuso a aprender!!! Por muito vivi sem sentir, até que consegui não apenas olhar, mas ver o que estava ao meu redor, as portas que existiam. Cresci e em decorrencia meus sentimentos amadureciam, como não era permitido ser e sentir o que deveras eu queria, passei a encarar de uma outra forma o turbilhão de sentimentos que brotavm de meu ser e criei um mundo onde eu seria livre, sem a feiúra da realidade. Transportei-me para outro lugar, fora desses padrões e grades, longe dessa gente mesquinha e da visão tão pequena, fosca. Logo minha luta interna mostrou-se evidente, negava-me a submissão aos moldes sociais e a render-me perante a "supremacia masculina". Sempre desejei mais, e ainda desejo! Não me conformei em ser mais uma cópia estereotipada de mulher, preocupada apenas com o trivial e dobrada perante os julgamentos alheios. Tais julgamentos já não tinham nehum poder sobre mim, importava-me apenas com minha individualidade, minha paz interior! Sinto que sou incompreendida, ou até mesmo julgada, poucos são os que conhecem minha essencia... Vivo meu paradoxo: a "jovem infinitamente promissora" e o que sinto que sou, uma mulher repleta de sentimentos e desejos abafados por uma casca que não revela o que deveras sente! Tomada por Nietzsche, mergulho dentro de meu íntimo na procura desesperada de suportar o peso das palavras não ditas, dos beijos não dados, das viagens nunca feitas... Quanta coisa a se viver!!!Quanto tempo perdido!!! Confesso que cada momento é aproveitado com toda a minha inteireza e consolo-me com a idéia de que muitos ainda estão por vir. Vivo na eterna divisão entre o que quero fazer e sinto, e o que devo fazer... Só no meu mundo inventado faço realemente o que desejo. "Somente o depois de amanha me pertence". Não procuro maldizer minha vida, apenas crio forças para mudá-la. Nego-me a temer a vida, até sinto uma carga negativa possuir meu ser por frações de segundos, mas logo cuido em extirpá-la de mim. " Viva enquanto viver!" Por muitas vezes ainda ajo com ansiedade, mas muito já tenho melhorado, deixando o mau chegar a seu próprio tempo e aproveitando a efêmera alegria de um momento. "Morra no momento certo!" Não quero culpar-me por despediçar o fôlego de vida do qual disponho, ao contrário, apaixonada e intensamente me entrego a cada nova experiência e oportunidade, como se fosse a última maneira de reavivar minha alma; reanimar meu espírito! "Voce viveu sua vida? Ou foi vivido por ela? Escolheu-a? Ou ela escolheu voce? Amou-a? Ou a lamentou?" Arrependimentos são sinais de determinado fracasso; não sinto que eu tenha tal vocação! "Este momento existe para sempre!" Sinto que me fortaleço a cada contradição ou erro; cresço mesmo quando tropeço. "Viver com segurança é perigoso!" Me transformo a cada tentativa de superação, e mesmo isto aumentando a periculosidade íntima, eu VIVO! "É preciso ter caos e frenesi dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." Sim, viver; viver não temendo o amanha mas concentrando-se no hoje, no agora. Viver sem ser tolhido pelos pensamentos alheios, sem carregar tal peso, somente sentindo tudo o que esta em volta. "Assumir a responsabilidade dos outros... esse é o caminho para o aprisionamento, meu e deles." Livre! Mesmo parecendo tão presa ao meu destino, sinto meu espírito livre e só anseio o dia em que o enorme gozo pessoal, quando meu espírito e corpo, enfim, se fundirem completamente! "Temos que viver como se fôssemos livres." Talvez por tais pretensões íntimas, eu seja tão incompreendida. Me surpreende e até assusta a idéia de que pessoas com as quais eu convivi por anos, não enxergam quem e como realmente sou. Claro que mantenho meu semblante fechado, as vezes até aparento uma certa auto-suficiência, mas será que meu olhar não denuncia? Será que não me entrega? Muitas vezes, através de um certo jogo no olhar, clamo por compreensão e ajuda; quase sempre em vão. "Às vezes, enxergo tão profundaente a vida que, de repente, olho ao redor e vejo que ninguém me acompanhou e que meu único companheiro é o tempo." Solidão... Até relutei em tocar nesse assunto, pois eis o motivo de minhas constantes mudanças de humor e momentos de introspecção. " De modo a se fortalecer, deve primeiro afundar suas raízes no nadae aprender a encarar sua mais solitária solidão." Touché, enfrentar nossos próprios fantasmas para depois, e só depois, relacionar-se com o outro; não para extrair algo dele, mas para somar... "Para se relacionar plenamente com o outro, voce precisa primeiro relacionar-se consigo mesmo. Se não conseguimos abraçar nossa própria solidão, simplesmente usaremos o outro como o escudo contra o isolamento. Somente quando consegue viver como a águia, sem absolutamente qualquer público, voce consegue se voltar para oura pessoa com amor; somente então é capaz de se preocupar com o engrandecimento do outro ser humano." O medo da solidão sempre aprisionou-me, mesmo quando inerte em meu subconsciente. Isso explica porque só agora dei-me conta de que usei tantas pessoas; mesmo que não propositalmente, mas o fiz. Prendo-me porque sinto medo da liberdade total; que contradição! Linhas atrás eu reclamava por ser livre, e agora afirmo esse dito medo... "Seu paradoxo é que voce se dedica à busca da verdade, mas não consegue suportar a visão de sua descoberta." Tento fugir como maneira de proteger-me de minhas próprias conclusões. "Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar." Mais uma irônica contradição: falo em força, quando mostro-me tão fraca em certos aspectos, tais quais esse! Prendo e mantenho pessoas em minha vida por puro medo da solidão e da insegurança, e ainda intitulo tal vínculo como AMOR!!! "Jamais alguém faz algo totalmente para os outros. Todas as ações são autodirigidas, todo serviço é auto-serviço, todo amor é amor próprio... Talvez esteja pensando naqueles que ama. Cave mais profundamente e descobrirá que não ama a eles: ama isso sim as sensações agradáveis que tal amor produz em voce !" Quão tortuoso é apurar tais sentimentos, tais palavras... Quão devastador é para o espírito definir a quem se ama ou não; um complexo de emoções não pode ser simplesmente fracionado; ou será essa mais uma desculpa para não se encarar a verdade? Apenas sinto minhas pertubações fervilharem! "Os medos não brotam das trevas; pelo contrário, eles são como estrelas : estão sempre ali, mas obscurecidos pelo clarão da luz do dia." É em meu recôndito quarto que encontro-me comigo mesma; e muitas vezes durmo, para não encarar quem realmente sou! "Escondo meu verdadeiro eu por existirem tantos aspectos desprezíveis em mim." Tentamos esquecer e assim abafar nossas verdadeiras pretensões... "Grande parte de nossa vida pode ser vivida por nossos instintos." Por vezes dissimulei um olhar e maquinei um sorriso; certamente para não expor minha verdadeira indignação ou para negar um demasiado incômodo! "Amamos mais o desejo do que o desejado."
Enfim, qual o resultado de uma vida repleta de ilusões??? "Será que um sonho, depois de sonhado, acomodará mudanças na vida do sonhador?"
Outras passagens do livro que achei interessantes:
"A chave para se viver bem é primeiro desejar aquilo que é necessário e, depois, amar aquilo que é desejado."
"Amo aquilo que nos torna mais do que somos."
"Inteligência maluca ou uma loucura sábia?"
"O espírito de um homem se constrói apartir de suas escolhas!"
"Se subirmos bastante, atingiremos uma altura da qual a tragédia deixará de parecer trágica."
"Quem não obedece a si mesmo é regido por outros."
"Esta vida é sua vida eterna."
"Se o homem está só e a necessidade é uma ilusão, ele estava livre!"
"A melodia estava certa, a dança é que estava errada!"
"É mais fácil enfrentar uma má reputação do que uma má consciência."
Frases extraídas do livro: Quando Nietzsche chorou
Minha lira tem um jeito de quem está perdido em um caminho sem volta, não há paredes, não há estradas, não há luz nem referentes, há apenas passos desvairados que me conduzem querendo voltar...
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Minha análise - Elma Moreira de Assis
Eh que saudade me mata e distancia maltrata, eh que distancia maltrata e a saudade me mata...
From: elma_moreira@hotmail.com
To: sandrovisks@hotmail.com
Subject: Minha análise... hehehe!
Date: Thu, 21 Jan 2010 02:00:39 +0300
Opine e continue me mandando seus textos!!!
Saudade...
beijo!
Análise...
Na minha concepção o amor é equivalente ao equilíbrio, justiça, igualdade, partilha de prazeres e angústias; acredito que não posso ter um relacionamento satisfatório com um parceiro que me domine. Pra mim, sexo é criatividade; está acima do trivial, é uma entrega grandiosa. Considero que a gratificação sexual caminha de mãos dadas com a satisfação mental. Se esse ingrediente estiver faltando, a satisfação também estará ausente. Sexo acontece em um nível mental. Estou propensa a ser um feixe de nervos, de energia; sou irrequieta e curiosa. E por isso, acredito ser tão importante encontrar a pessoa certa, para não me machucar. Sou uma pessoa que se entrega, se permite; basicamente calorosa e afetiva, mas tenho receio de ser limitada, restringida, de ter minhas emoções aprisionadas. Constantemente procuro um ideal. Na maioria das vezes, uma vez que descubro o "mistério" de outra pessoa, meu próprio interesse pode se dispersar. Isso deixa os outros confusos, magoados, imaginando o que saiu errado. Talvez eu tema ser conhecida, compreendida, ou analisada, pois creio que os outros possam vir a perder o interesse. Tenho tendência a ser rápida, impaciente, brava se os outros demoram a perceber, entender ou reagir. Por outro lado, sou desafiadora, motivando os outros a prosseguir, dar o melhor deles mesmos. Tenho em mente que sexo iguala-se à beleza, justiça, equilíbrio; isso, como já foi dito, é uma situação ideal. Sexo, é um ideal, e não um mero ato. Não é uma técnica, é uma experiência totalmente absorvente. Pode trazer paz e contentamento, assim como excitamento. Desejo o sexo em sua forma criativa, madura e satisfatória. Tenho uma personalidade camaleônica e a capacidade de fazer mil e uma coisas ao mesmo tempo. Sou um ser volátil por natureza, que muda de postura e opinião com a mesma sem-cerimônia com que muda de roupas, hobbies, simpatias e antipatias. E não é porque não saiba o que quero - é que não consigo me decidir entre tanta coisa que o mundo oferece e, na dúvida, decido-me por tudo! Sou um caso de dupla personalidade crônica, ou, na mais emocionante das hipóteses, de múltipla personalidade, mesmo. Adaptabilidade, versatilidade, mutação... Com já dizia o nosso grande Raul: “Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...” Por isso muitos podem me considerar volúvel. Essas pessoas estão vendo apenas a minha curiosa parte analista. Aqueles que entendem "a outra metade" sabem que posso ser constante e que minha curiosidade é uma parte e não o todo. Sou mentalmente rápida; inovadora; minha busca está na trilha da segurança. Para satisfazer impulsos básicos, procuro um ideal. Uma de minhas características é a dedicação. No amor, é a variedade e a curiosidade que contam, alguém que alimente meu cérebro com informações novas, que promova viagens – intelectuais ou físicas. Sou uma espécie de agente de ligação, repórter da vida, chefe do intercâmbio, aprendiz de tudo, falante de muitas línguas, mestre da mágica de convencer pela palavra. Não existo para consolidar, nem para impor nenhum desejo. Tenho a curiosidade e a maleabilidade necessárias para fazer com que aquilo que foi criado e manifestado entre em contato com um todo maior, o meio. Daí a minha sempre busca em conhecer novas pessoas, trocar notícias, informações. Tudo é movimento, nada é constância. Por isso é duro ter de me conformar com alguns poucos caminhos, pois as opções são tantas e tão ricas. Os destinos podem ser tantos, a vida é um jogo de relacionamentos, excitante e cheia de aventura. A distração e a dispersão se tornam os meus maiores problemas. Gosto muito de ser pontual, porque sempre em meu caminho acho algo interessante para ser investigado. Não minto de propósito, apenas sofro de excesso de imaginação(kkkk)! Sou mais caleidoscópica do que a monótona realidade. Pra mim, é quase impossível escutar muito e não interromper porque minha mente movimenta muito tendo um e outro pensamentos instantâneos. Estou sempre procurando algo interessante para aprender... Insatisfeita, sempre querendo mais: mais amores, sensações, energias, conhecimento...
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Os ombros suportam o mundo - Carlos Drummond de Andrade
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
sábado, 24 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Frase - Alessandro Brito
Então percebo que minha vivência não fez de mim um homem maduro, mas, apenas, um menino absurdamente curioso.
sábado, 17 de novembro de 2012
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Castigo - Alessandro Brito
Ela novamente
Reencontra-me e arrebata
Seu soubesse uma forma
Ah, ela não me dilacerava
Minhas forças se esgotam
Ela é toda minha dor
A pedra maior do caminho
Que empata meu viver
Alguns dias finjo que a esqueço
Embora saiba que ela não tarda regressar
Culpo então a mim mesmo
Por ainda a cultivar
Fecundo cada momento
Ponho-me a condenar
Talvez com minha eterna partida
Ou por castigo de ficar.
Reencontra-me e arrebata
Seu soubesse uma forma
Ah, ela não me dilacerava
Minhas forças se esgotam
Ela é toda minha dor
A pedra maior do caminho
Que empata meu viver
Alguns dias finjo que a esqueço
Embora saiba que ela não tarda regressar
Culpo então a mim mesmo
Por ainda a cultivar
Fecundo cada momento
Ponho-me a condenar
Talvez com minha eterna partida
Ou por castigo de ficar.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Você me pediu um cigarro - Fabrício Carpinejar
Você foi covarde. Seu amor é forte, seu corpo é fraco. Você foi covarde como tantas vezes fui por acreditar que a coragem viria depois. A coragem não vem depois. A coragem vem antes ou não vem.
(…)
O que é imenso é estreito. O que é infinito fecha. Até o oceano tem becos e ruas sem saída. Até o oceano.
Sua esperança não diminui a covardia. Quer um conselho? Finge que a dor que sente é a minha para entreter sua dor. Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido. Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia. Você me avisou que não tinha escolha. Nunca teria escolha. Você foi educada com a vida, pediu licença, agradeceu os presentes. Confiou que a vida logo a entenderia. E cederia. Engoliu uma palavra para dormir.
Não serei vizinho de seu sobrenome. Seus nomes esperam um único nome que ficou para trás. Você não desencarnou, não se encarnou, deixou sua carne parada nas leituras. Morrer é continuar o que não foi vivido. Vai me continuar sem saber.
Você foi covarde. Com sua ternura pálida, seu medo de tudo, sua polidez em cumprir as promessas. Você não aprendeu a mentir. Tampouco aprendeu a dizer a verdade.
O dia está escuro e não soprarei a luz ao seu lado. O dia está lento e não haverá movimento nas ruas. Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa. Você foi covarde. A mais bela covardia de minha vida. A mais comovida. A mais sincera. A mais dolorida. O que me atormenta é que sou capaz de amar sua covardia. Foi o que restou de você em mim.
O dia está escuro e não soprarei a luz ao seu lado. O dia está lento e não haverá movimento nas ruas. Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa. Você foi covarde. A mais bela covardia de minha vida. A mais comovida. A mais sincera. A mais dolorida. O que me atormenta é que sou capaz de amar sua covardia. Foi o que restou de você em mim.
Frase - Clarice Lispector
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.
sábado, 3 de novembro de 2012
Frase - Alessandro Brito
"Amar alguém de verdade é desejar a sua felicidade, mesmo que não façamos parte direta ou indiretamente da mesma"
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Um desafio à escuridão - Charles Bukowski
atire no no olho
atire no cérebro
atire no cu
atire como uma flor numa dança
fantástico como a morte ganha tão facilmente
fantástico como muito crédito é dado para formas de vida idiotas
fantástico como a risada tem sido silenciada.
fantástico como a crueldade tem sido constantemente propagada.
preciso logo declarar minha guerra à guerra deles
preciso segurar meu pedaço de chão
preciso proteger o pequeno lugar onde fiz que minha vida foça permitida
minha vida não à morte deles
minha morte não à morte deles…
atire no cérebro
atire no cu
atire como uma flor numa dança
fantástico como a morte ganha tão facilmente
fantástico como muito crédito é dado para formas de vida idiotas
fantástico como a risada tem sido silenciada.
fantástico como a crueldade tem sido constantemente propagada.
preciso logo declarar minha guerra à guerra deles
preciso segurar meu pedaço de chão
preciso proteger o pequeno lugar onde fiz que minha vida foça permitida
minha vida não à morte deles
minha morte não à morte deles…
Frase - Alessandro Brito
Eu respeito que a maioria dos que convivo não entendam "como eu vivo", mas acreditem é apenas uma questão de estilo!
Me compreender é o fundamental, ser compreendido...
Me compreender é o fundamental, ser compreendido...
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Ranchinho de paia - Luiz Gonzaga
Ranchinho de Paia
Que abriga você
Na espalha do coqueiro
E só uma roseira.
Ranchinho de Paia
Onde tudo é amor,
Há beleza na praia
E um canto do pescador.
Ranchinho de Paia
Onde o chão é de areia
Onde nós dois agazáia
Essa casinha tão feia.
Mas pouca gente
É feliz como nós
Um canta pro outro
E pro vento escutando a voz.
Que abriga você
Na espalha do coqueiro
E só uma roseira.
Ranchinho de Paia
Onde tudo é amor,
Há beleza na praia
E um canto do pescador.
Ranchinho de Paia
Onde o chão é de areia
Onde nós dois agazáia
Essa casinha tão feia.
Mas pouca gente
É feliz como nós
Um canta pro outro
E pro vento escutando a voz.
Frase - John Ruskin
"A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele,
mas aquilo em que ele nos transforma."
mas aquilo em que ele nos transforma."
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Adorável Canalha - Carpinejar
É um defeito, mas nada mais delicioso do que ouvir de uma mulher: "CANALHA!"
Ser chamado de "canalha" por uma voz feminina é o domingo da língua portuguesa. O som reboa redondo. Os lábios da palavra são carnudos. Vontade de morder com os ouvidos. Aproximar-se da porta e apanhar a respiração do quarto pela fechadura.
Canalha, definitivo como um estampido, como um tapa.
Não ser chamado de canalha pela maldade, mas por mérito da malícia, como virtude da insinuação, pelo atrevimento sugestivo.
Não o canalha canalha, mas o ca-na-lha, sem repetição. Único.
Não o canalha que deixa a mulher; o canalha que permanece junto. O canalha adorável que ultrapassou o sinal vermelho para levá-la. O canalha que é rude, nunca por falta de educação, para acentuar a violência do amor. Canalha por opção, não devido a uma infelicidade e limitação intelectual. Canalha em nome da inteligência do corpo.
O canalha. Como um elogio. Um elogio para dizer que é impossível domesticar esse homem, é impossível conter, é impossível fugir dele. Canalha como pós-graduação do "sem-vergonha".
Bem diferente de crápula, que não é sensual e define o mau-caratismo indelével, ou de cafajeste, alguém que não presta nem para ser canalha, de índole egoísta e aproveitadora.
Eu me arrepio ao escutar canalha. Um canalha que significa o contrário do dicionário. Nem perca tempo consultando o Aurélio e o Houaiss, que não incluem o sentimento da pronúncia. Estou falando do canalha que suscita aproximação, abraço, desejo. Um canalha que é um pedido de casamento entre as vogais.
É pelas expressões que se define a segurança masculina. Sempre duvidei de homem que diz que vai fazer xixi. Xixi é coisa de criança. Eu não represo a gargalhada quando um amigo adulto e de vida feita comenta que vai fazer xixi. Imagino o cara sentado. Infantil como Ivo viu a uva. Já urinar é muito laboratorial. Prefiro mijar, direto, rápido e verdadeiro. As árvores mijam. Os relâmpagos mijam. Os cachorros mijam para demarcar seu território. Aliás, o correto é não anunciar, ir ao banheiro apenas, para evitar constrangimentos vocabulares.
Canalha funciona como uma agressão íntima. Uma agressão afetuosa. Uma provocação. Não se está concluindo, é uma pergunta. Canalha é uma interrogação gostosa.
Não ficarei triste se você esquecer meu nome, chame-me de canalha.
**
Crônica extraída do livro "Canalha!" de Fabrício Carpinejar - Editora Bertrand Brasil.
Ser chamado de "canalha" por uma voz feminina é o domingo da língua portuguesa. O som reboa redondo. Os lábios da palavra são carnudos. Vontade de morder com os ouvidos. Aproximar-se da porta e apanhar a respiração do quarto pela fechadura.
Canalha, definitivo como um estampido, como um tapa.
Não ser chamado de canalha pela maldade, mas por mérito da malícia, como virtude da insinuação, pelo atrevimento sugestivo.
Não o canalha canalha, mas o ca-na-lha, sem repetição. Único.
Não o canalha que deixa a mulher; o canalha que permanece junto. O canalha adorável que ultrapassou o sinal vermelho para levá-la. O canalha que é rude, nunca por falta de educação, para acentuar a violência do amor. Canalha por opção, não devido a uma infelicidade e limitação intelectual. Canalha em nome da inteligência do corpo.
O canalha. Como um elogio. Um elogio para dizer que é impossível domesticar esse homem, é impossível conter, é impossível fugir dele. Canalha como pós-graduação do "sem-vergonha".
Bem diferente de crápula, que não é sensual e define o mau-caratismo indelével, ou de cafajeste, alguém que não presta nem para ser canalha, de índole egoísta e aproveitadora.
Eu me arrepio ao escutar canalha. Um canalha que significa o contrário do dicionário. Nem perca tempo consultando o Aurélio e o Houaiss, que não incluem o sentimento da pronúncia. Estou falando do canalha que suscita aproximação, abraço, desejo. Um canalha que é um pedido de casamento entre as vogais.
É pelas expressões que se define a segurança masculina. Sempre duvidei de homem que diz que vai fazer xixi. Xixi é coisa de criança. Eu não represo a gargalhada quando um amigo adulto e de vida feita comenta que vai fazer xixi. Imagino o cara sentado. Infantil como Ivo viu a uva. Já urinar é muito laboratorial. Prefiro mijar, direto, rápido e verdadeiro. As árvores mijam. Os relâmpagos mijam. Os cachorros mijam para demarcar seu território. Aliás, o correto é não anunciar, ir ao banheiro apenas, para evitar constrangimentos vocabulares.
Canalha funciona como uma agressão íntima. Uma agressão afetuosa. Uma provocação. Não se está concluindo, é uma pergunta. Canalha é uma interrogação gostosa.
Não ficarei triste se você esquecer meu nome, chame-me de canalha.
**
Crônica extraída do livro "Canalha!" de Fabrício Carpinejar - Editora Bertrand Brasil.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Para Al... - Charles Bukowski
não se preocupe com rejeições, parceiro,
eu já fui rejeitado
antes.
algumas vezes você comete um erro, pegando
o poema errado
o mais comum para mim é cometer o erro de
escrevê-lo.
mas eu gosto de uma montaria em cada corrida
mesmo que o homem
que organiza a largada da manhã
a coloque pagando 30 por um.
tenho que pensar na morte mais e mais
senilidade
muletas
poltronas
escrevendo poesia púrpura com a
caneta pingando
quando mocinhas com bocas
de piranha
corpos como limoeiros
corpos como nuvens
corpos como flashes de luz
pararem de bater à minha porta.
não se preocupe com rejeições, parceiro.
fumei 25 cigarros esta noite
e você sabe sobre a cerveja.
o telefone tocou apenas uma vez:
era engano.
eu já fui rejeitado
antes.
algumas vezes você comete um erro, pegando
o poema errado
o mais comum para mim é cometer o erro de
escrevê-lo.
mas eu gosto de uma montaria em cada corrida
mesmo que o homem
que organiza a largada da manhã
a coloque pagando 30 por um.
tenho que pensar na morte mais e mais
senilidade
muletas
poltronas
escrevendo poesia púrpura com a
caneta pingando
quando mocinhas com bocas
de piranha
corpos como limoeiros
corpos como nuvens
corpos como flashes de luz
pararem de bater à minha porta.
não se preocupe com rejeições, parceiro.
fumei 25 cigarros esta noite
e você sabe sobre a cerveja.
o telefone tocou apenas uma vez:
era engano.
Alma - Charles Bukowski
oh, como eles se preocupam com minha
alma!
recebo cartas
o telefone toca...
"você vai ficar bem?"
perguntam.
"ficarei bem", eu lhes digo.
"já vi tantos se afundarem na sarjeta",
eles me dizem.
"não se preocupem comigo", digo.
ainda assim me deixam nervoso.
entro e tomo uma chuveirada
saio e espremo uma espinha do
nariz.
então vou até a cozinha e preparo
um sanduíche de salame e presunto.
eu costumava viver de doces baratos.
agora tenho mostarda alemã importada
para passar no sanduíche. devo estar em perigo
por causa disso.
o telefone segue tocando e as cartas seguem
chegando.
se você vive dentro de um ármario na companhia de ratos
e come pão velho
eles gostam de você.
você passa a ser um
gênio.
ou se está num manicômio ou
detido numa delegacia
eles o chamam de gênio.
ou se você está bêbado e não pára de gritar
obscenidades
vomitando as tripas no
chão
você é um gênio.
mas experimente pagar o aluguel um mês
adiantado
vestir um novo par de meias
ir ao dentista
fazer amor com uma garota limpa e saudável
em vez de pegar um puta
e você vendeu sua
alma.
não estou minimamente interessado em perguntar como
vão suas almas.
suponho que era o que eu deveria
fazer.
alma!
recebo cartas
o telefone toca...
"você vai ficar bem?"
perguntam.
"ficarei bem", eu lhes digo.
"já vi tantos se afundarem na sarjeta",
eles me dizem.
"não se preocupem comigo", digo.
ainda assim me deixam nervoso.
entro e tomo uma chuveirada
saio e espremo uma espinha do
nariz.
então vou até a cozinha e preparo
um sanduíche de salame e presunto.
eu costumava viver de doces baratos.
agora tenho mostarda alemã importada
para passar no sanduíche. devo estar em perigo
por causa disso.
o telefone segue tocando e as cartas seguem
chegando.
se você vive dentro de um ármario na companhia de ratos
e come pão velho
eles gostam de você.
você passa a ser um
gênio.
ou se está num manicômio ou
detido numa delegacia
eles o chamam de gênio.
ou se você está bêbado e não pára de gritar
obscenidades
vomitando as tripas no
chão
você é um gênio.
mas experimente pagar o aluguel um mês
adiantado
vestir um novo par de meias
ir ao dentista
fazer amor com uma garota limpa e saudável
em vez de pegar um puta
e você vendeu sua
alma.
não estou minimamente interessado em perguntar como
vão suas almas.
suponho que era o que eu deveria
fazer.
AUDÁCIA - ALVAIADE E CASQUINHA
Eu tive audácia em falar de amor
Mas eu precisava amenizar a minha dor
Sei a diferença que existe entre nós
Mas quis falar porque o amor não tem voz
Diga que me ama
Embora eu seja enganado
São palavras de conforto
A um desesperado
Desde o dia em qeu te vi
Senti um grande afeto por ti
Sem poder amenizar a minha dor
Culpada foi a própria natureza
Que te deu tanta beleza
Tanta graça e explendor
Sei a diferença que existe entre nós
Mas quis falar porque o amor não tem voz
Diga que me ama
Embora eu seja enganado
São palavras de conforto
A um desesperado
Desde o dia em qeu te vi
Senti um grande afeto por ti
Sem poder amenizar a minha dor
Culpada foi a própria natureza
Que te deu tanta beleza
Tanta graça e explendor
Amigo é Casa - Zélia Duncan e Simone
Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas
Usar a sapiência de um João-de-barro
que constrói com arte a sua residência
há que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira
que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheínhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!
pra festa da cumieira não faltem os violões!
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre
aquecendo os corações
A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo
nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.
e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas
Usar a sapiência de um João-de-barro
que constrói com arte a sua residência
há que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira
que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheínhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!
pra festa da cumieira não faltem os violões!
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre
aquecendo os corações
A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo
nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
Vocês - Alessandro Brito
De mim, apenas eu
Existe, pouco, muito pouco
De certo, quase nada
Sou em minha maioria, vocês...
Que me respeitam, me amam
Que me ouvem, me leem...
Me permitem apenas ser
Sem ao menos me entenderem, me permitem ser
Confuso, ansioso, verborrágico
Amigo, irmão, me permitem ser vocês...
Sou a minha história
Contada em versos
Dos reversos do meu caminho
Cada qual em mim tem uma frase
Deixaram- me ensinamentos
Sou então de vocês um texto
Revendo meus anais
hoje tenho apenas duas certezas:
-Que um dia partirei
-E que nunca estive sozinho
Existe, pouco, muito pouco
De certo, quase nada
Sou em minha maioria, vocês...
Que me respeitam, me amam
Que me ouvem, me leem...
Me permitem apenas ser
Sem ao menos me entenderem, me permitem ser
Confuso, ansioso, verborrágico
Amigo, irmão, me permitem ser vocês...
Sou a minha história
Contada em versos
Dos reversos do meu caminho
Cada qual em mim tem uma frase
Deixaram- me ensinamentos
Sou então de vocês um texto
Revendo meus anais
hoje tenho apenas duas certezas:
-Que um dia partirei
-E que nunca estive sozinho
Gracias a La Vida - Mercedes Sosa
Infinitamente lindo...
"...Graças à vida que me deu tanto
Me deu a marcha de meus pés cansados
Com eles andei cidades e charcos
Praias e desertos, montanhas e planícies
E a casa sua, sua rua e seu pátio
Graças à vida que me deu tanto
Me deu o coração que agita seu marco
Quando olho o fruto do cérebro humano
Quando olho o bom tão longe do mal
Quando olho o fundo de seus olhos claros..."
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Encurralado - Bukowski
Não dispa o meu amor
você pode encontrar um manequim;
não dispa um manequim
você pode encontrar
o meu amor.
ela há muito tempo
me esqueceu.
ela experimenta um novo
chapéu
e parece mais
coquete
do que nunca.
ela é uma
criança
e um manequim
e
é a morte.
não tenho como odiar
isso.
ela não faz
nada fora do
comum.
queria apenas que ela
fizesse.
você pode encontrar um manequim;
não dispa um manequim
você pode encontrar
o meu amor.
ela há muito tempo
me esqueceu.
ela experimenta um novo
chapéu
e parece mais
coquete
do que nunca.
ela é uma
criança
e um manequim
e
é a morte.
não tenho como odiar
isso.
ela não faz
nada fora do
comum.
queria apenas que ela
fizesse.
Canção de Homens e Mulheres Lamentáveis - Antônio Maria
Esta noite... esta chuva... estas reticências. Sei lá.
Quem seria capaz de abrir o peito e
mostrar a ferida? De dizer o nome? De lembrar, sequer lembrar, o rosto?
Quem seria capaz de contar a história? De chamar o maior amigo, ou melhor, o inimigo, e dizer:
— Estou me sentindo assim, assim, assim...
A humanidade está necessitando, urgentemente, de afeto e milagre. Mas não sabe onde estão as mãos, nem os deuses. E, quando souber, vai achar que as mãos e os deuses são de mentira. Os olhos de todos estarão cheios de medo, os olhos das jovens raparigas, os olhos, os braços, o ventre e as pernas das jovens raparigas, receosos de pagar com os quefazeres do sexo.
Nesta noite, com esta chuva, as jovens raparigas não são importantes. Apenas uma tem importância. Mas quem seria de todo livre e descuidado, a ponto de dizer o seu nome? De pensar o seu nome? Você diria em público o nome da Amada? E suportaria ouvi-lo? Não, não; o nome dela, em sua boca ou na dos outros, é tão proibido como sua nudez (dela). Não há diferença.
E por que você não se transforma no homem banal, que se encharca de álcool, para apregoar a desdita? Seria mais fácil. Talvez alguém lhe chamasse de porco e você revidasse com um soco no rosto, um só rosto, de todo o Gênero Humano. Viria a polícia, que simplifica tudo, generalizando. E tudo se transformaria em notícia: "Preso o alcoólatra, quando injuriava e agredia a Família Brasileira, na pessoa de um sócio do Country".
Há poucos minutos, em meu quarto, na mais completa escuridão, a carência era tanta que tive de escolher entre morrer e escrever estas coisas. Qualquer das escolhas seria desprezível. Preferi esta (escrever), uma opção igualmente piegas, igualmente pífia e sentimental, menos espalhafatosa, porém. A morte, mesmo em combate, é burlesca.
Uma pergunta, que não tem nada a ver com o corpo desta canção. Quem saberia discriminar o ódio do amor? Ninguém. Os psicologistas e analistas têm perdido um tempo enorme.
Ontem à noite, voltando para casa, senti-me espectador de mim mesmo. E confesso que, pela primeira vez, não achei a menor graça. Saíra, pela primeira vez, de óculos e o porteiro do edifício me recebeu com esta agradável pergunta:
— Que é que houve? O senhor está mais velho?
Quem seria capaz de contar a história? De chamar o maior amigo, ou melhor, o inimigo, e dizer:
— Estou me sentindo assim, assim, assim...
A humanidade está necessitando, urgentemente, de afeto e milagre. Mas não sabe onde estão as mãos, nem os deuses. E, quando souber, vai achar que as mãos e os deuses são de mentira. Os olhos de todos estarão cheios de medo, os olhos das jovens raparigas, os olhos, os braços, o ventre e as pernas das jovens raparigas, receosos de pagar com os quefazeres do sexo.
Nesta noite, com esta chuva, as jovens raparigas não são importantes. Apenas uma tem importância. Mas quem seria de todo livre e descuidado, a ponto de dizer o seu nome? De pensar o seu nome? Você diria em público o nome da Amada? E suportaria ouvi-lo? Não, não; o nome dela, em sua boca ou na dos outros, é tão proibido como sua nudez (dela). Não há diferença.
E por que você não se transforma no homem banal, que se encharca de álcool, para apregoar a desdita? Seria mais fácil. Talvez alguém lhe chamasse de porco e você revidasse com um soco no rosto, um só rosto, de todo o Gênero Humano. Viria a polícia, que simplifica tudo, generalizando. E tudo se transformaria em notícia: "Preso o alcoólatra, quando injuriava e agredia a Família Brasileira, na pessoa de um sócio do Country".
Há poucos minutos, em meu quarto, na mais completa escuridão, a carência era tanta que tive de escolher entre morrer e escrever estas coisas. Qualquer das escolhas seria desprezível. Preferi esta (escrever), uma opção igualmente piegas, igualmente pífia e sentimental, menos espalhafatosa, porém. A morte, mesmo em combate, é burlesca.
Uma pergunta, que não tem nada a ver com o corpo desta canção. Quem saberia discriminar o ódio do amor? Ninguém. Os psicologistas e analistas têm perdido um tempo enorme.
Ontem à noite, voltando para casa, senti-me espectador de mim mesmo. E confesso que, pela primeira vez, não achei a menor graça. Saíra, pela primeira vez, de óculos e o porteiro do edifício me recebeu com esta agradável pergunta:
— Que é que houve? O senhor está mais velho?
Tirei os óculos e, fitando-o, esperei as
desculpas. Mas o homem continuou:
— O que é que houve? De ontem para cá, o senhor envelheceu.
Tinha pensado que, sem os óculos...
Não estou escrevendo para ninguém gostar ou, ao menos, entender. Estou escrevendo, simplesmente, e isto me supre: contrabalança, quando nada. Esta noite, esta chuva — e poderia escrever as coisas mais alegres, esta noite. Neruda, coitado, as mais tristes.
Só há uma vantagem na solidão: poder ir ao banheiro com a porta aberta. Mas isto é muito pouco, para quem não tem sequer a coragem de abrir a camisa e mostrar a ferida.
Texto extraído do livro "Com Vocês Antônio Maria", Editora Paz e Terra - São Paulo, 1994, pág. 127.
— O que é que houve? De ontem para cá, o senhor envelheceu.
Tinha pensado que, sem os óculos...
Não estou escrevendo para ninguém gostar ou, ao menos, entender. Estou escrevendo, simplesmente, e isto me supre: contrabalança, quando nada. Esta noite, esta chuva — e poderia escrever as coisas mais alegres, esta noite. Neruda, coitado, as mais tristes.
Só há uma vantagem na solidão: poder ir ao banheiro com a porta aberta. Mas isto é muito pouco, para quem não tem sequer a coragem de abrir a camisa e mostrar a ferida.
Texto extraído do livro "Com Vocês Antônio Maria", Editora Paz e Terra - São Paulo, 1994, pág. 127.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Poema do Homem Só - Antônio Gedeão
Sós,
irremediavelmente sós,
como um astro perdido que arrefece.
Todos passam por nós
e ninguém nos conhece.
Os que passam e os que ficam.
Todos se desconhecem.
Os astros nada explicam:
Arrefecem
Nesta envolvente solidão compacta,
quer se grite ou não se grite,
nenhum dar-se de outro se refracta,
nehum ser nós se transmite.
Quem sente o meu sentimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem sofre o meu sofrimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem estremece este meu estremecimento
sou eu só, e mais ninguém.
Dão-se os lábios, dão-se os braços
dão-se os olhos, dão-se os dedos,
bocetas de mil segredos
dão-se em pasmados compassos;
dão-se as noites, e dão-se os dias,
dão-se aflitivas esmolas,
abrem-se e dão-se as corolas
breves das carnes macias;
dão-se os nervos, dá-se a vida,
dá-se o sangue gota a gota,
como uma braçada rota
dá-se tudo e nada fica.
Mas este íntimo secreto
que no silêncio concreto,
este oferecer-se de dentro
num esgotamento completo,
este ser-se sem disfarce,
virgem de mal e de bem,
este dar-se, este entregar-se,
descobrir-se, e desflorar-se,
é nosso de mais ninguém.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
A dama e o vagabundo
Por mais elegante, chique e bem comportada que uma mulher seja, ela vai se descabelar toda por causa de um vagabundo. É, ela vai descer do salto quando tiver ciúmes, vai chorar litros de lágrimas quando brigar com ele, vai dizer palavrões, coisas bizarras, mandá-lo para onde o sol não bate. É assim mesmo. Sempre irá haver uma sofisticada dama que morrerá de amores por um belo vagabundo.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
BRASIL CARINHOSO - Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Último lembrete: a pobreza é uma consequência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.
(Martha de Freitas Azevedo Pannunzio)
Observem a origem de quem escreveu.
BRASIL CARINHOSO
Bom dia, dona Dilma!
Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do BRASIL CARINHOSO.
Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.
Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para engordar sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida, um plano quinquenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.
É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a plateia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.
Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora. Sou bastante madura, bastante politizada, sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e delirante. Vocês são adeptos do quanto pior, melhor. São discricionários, praticantes do bullying mais indecente da História do Brasil.
Em 1988 a Assembleia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a lei*. Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição, enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida d e que são mal-nascidos. Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação. Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou? O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma? Oi, por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!
Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico, profissionalizante. Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste. Nossos meninos e jovens leem (quando leem), mas não compreendem o que leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o que estou informando.
Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.
A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente. Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente. Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para as burras dos governos. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora saber com quem está falando.
Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o seu veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo. Sou fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez. Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é os outros. A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.
Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.
A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileira vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à delinquência e às drogas.
Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social, alienada e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, est a foi a escolha de vocês.
A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou niente? Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital. Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói.
Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE. Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português. Por favor, corrija esta informação.
Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém, ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.
Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.
Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são. Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.
A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social. Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!
Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo petista.
Último lembrete: a pobreza é uma consequência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.
Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012
OBS.:- foi entregue em mãos à PRESIDENTE.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.
(Martha de Freitas Azevedo Pannunzio)
Observem a origem de quem escreveu.
BRASIL CARINHOSO
Bom dia, dona Dilma!
Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do BRASIL CARINHOSO.
Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.
Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para engordar sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida, um plano quinquenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.
É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a plateia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.
Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora. Sou bastante madura, bastante politizada, sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e delirante. Vocês são adeptos do quanto pior, melhor. São discricionários, praticantes do bullying mais indecente da História do Brasil.
Em 1988 a Assembleia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a lei*. Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição, enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida d e que são mal-nascidos. Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação. Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou? O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma? Oi, por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!
Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico, profissionalizante. Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste. Nossos meninos e jovens leem (quando leem), mas não compreendem o que leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o que estou informando.
Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.
A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente. Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente. Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para as burras dos governos. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora saber com quem está falando.
Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o seu veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo. Sou fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez. Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é os outros. A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.
Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.
A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileira vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à delinquência e às drogas.
Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social, alienada e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, est a foi a escolha de vocês.
A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou niente? Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital. Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói.
Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE. Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português. Por favor, corrija esta informação.
Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém, ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.
Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.
Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são. Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.
A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social. Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!
Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo petista.
Último lembrete: a pobreza é uma consequência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.
Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012
OBS.:- foi entregue em mãos à PRESIDENTE.
O valioso tempo dos maduros - Mario de Andrade
Dedico esta poesia "in memorian" de minha alma gêmea... Pessoa mais importante da minha vida, e que faz meu mundo continuar girando...
S A U D A D E. . . =[
O valioso tempo dos maduros
Mario de Andrade
"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos
inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua
mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial."
"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial."
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
the smiths - the boy with the thorn in his side (HD)
Como eles podem olhar em meus olhos
E continuar sem acreditar em mim?
Como eles podem me ouvir dizer aquelas palavras
E continuar sem acreditar em mim?
E se eles não acreditam em mim agora
Eles vão acreditar algum dia?
Silvio Caldas - Torturante Ironia
Torturante ironia
Que mágoa neste abandono
Que ânsia perdi o sono
Vivo em tristonho cantar
Porque a canção mais aflita
É a forma que há mais bonita
Da gente poder chorar
Sobes este barranco
Sujando o vestido branco
Pisando as pedras do chão
Mas sem saber na verdade
Que desde lá da cidade
Tu pisas meu coração
Por ser do morro e moreno
É que eu soluço, é que eu peno
Bebendo meu amargor
Por que me negam querida
Esta alegria da vida
De possuir teu amor
Que torturante ironia
O amor com categoria
Eu amo e não posso amar
Porque a mulher que eu adoro
Não mora aqui onde eu moro
Deixe-me então soluçar.
Que mágoa neste abandono
Que ânsia perdi o sono
Vivo em tristonho cantar
Porque a canção mais aflita
É a forma que há mais bonita
Da gente poder chorar
Sobes este barranco
Sujando o vestido branco
Pisando as pedras do chão
Mas sem saber na verdade
Que desde lá da cidade
Tu pisas meu coração
Por ser do morro e moreno
É que eu soluço, é que eu peno
Bebendo meu amargor
Por que me negam querida
Esta alegria da vida
De possuir teu amor
Que torturante ironia
O amor com categoria
Eu amo e não posso amar
Porque a mulher que eu adoro
Não mora aqui onde eu moro
Deixe-me então soluçar.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Gestação - Alessandro Brito
Sonho: esperanças vãs; imaginação
sem fundamento; fantasia; que dura pouco; ideias quiméricas. Até poderia assim ser
definido, se não fosse ele que movesse o meu mundo.
Grandes feitos e conquistas partiram dos devaneios de alguém perante alguma coisa, real ou até então irreal, mais para utópico do que qualquer outra coisa, mas que se concretizaram. Passei a compreender que sonhos não são coisas grandiosas, mas, apenas, desejos que levam um maior período de tempo para se realizarem.
Grandes feitos e conquistas partiram dos devaneios de alguém perante alguma coisa, real ou até então irreal, mais para utópico do que qualquer outra coisa, mas que se concretizaram. Passei a compreender que sonhos não são coisas grandiosas, mas, apenas, desejos que levam um maior período de tempo para se realizarem.
Vivemos dias em que a
ansiedade assola- nos, é sem dúvida, o mal do século! A tecnologia contemporânea
fez-nos mal acostumados, temos nossas necessidades do dia a dia supridas em cliques, e toda essa instantaneidade confundiu nossos anseios sentimentais.
Desaprendemos o significado do ato "esperar"! Simplesmente não sabemos mais como lidar em situações de espera, e não estou falando de filas e afins, compartilho um causo da minha infância (e adolescência de muitos) para contextualizar:
Quando moleque não havia celular, e telefone era coisa séria, usado apenas pelos adultos. Quando estava enamorado de alguma cabrochinha, a oportunidade que tinha de vê-la, era apenas no colégio. Se estudasse pela manhã (das 7h até 12:20hs, com recreio de 20 minutos) ou no período da tarde (das 13h até 18:20hs, com recreio de 20 minutos), se desse sorte dela ser da mesma sala, era a glória!
Nesses casos odiávamos o fim da sexta- feira, adormecíamos querendo acordar na segunda, para rever nosso bem querer. Mas ao despertar no sábado, era uma festa só, tínhamos todos o fim de semana para aproveitar. E vou confessar, sinto saudades dos papéis de carta moranguinho que colecionava. Já que não havia como ligar (acho que nem teria assunto para uma ligação, rs), a noite gastava o tempo escrevendo poesias. Presentes, ganhávamos no dia do aniversário, dia das crianças e no natal, isso quem tinha o luxo de ganhar todas estas datas. Ansiedade, apenas nas noites que antecediam as excursões escolares.
Hoje, todos temos acesso a internet (redes sociais, talks), aparelhos celulares que enviam fotos e fazem vídeo conferência. Além de uma infinidade de tecnologias (aquela dos cliques) para comunicação instantânea. O fato é, não crescemos crianças impacientes. Conseguíamos respeitar que para tudo na vida havia um tempo, e sempre haverá, pois para realizar um sonho ou saciar um desejo, os mesmos demandarão de uma parcela de tempo. E não estou falando de destino (coisa da qual sou totalmente descrente) onde as coisas acontecem no "tempo" em que terão de acontecer, isso jamais!
Mas, sei que em algum momento tudo se confundiu, principalmente em relação aos sentimentos. O que se aprendeu e o que se aprende, não está mais definido em passado, presente e futuro.
Os casais não se formam porque há uma admiração recíproca, talvez haja sim, o desejo latente de estar em um relacionamento, para preencher um vazio e dar uma resposta para a sociedade.
Ele não é verdadeiramente especial pra ela, e nem ela é especial pra ele. O que existe são lacunas que "precisam" ser preenchidas, e são, mas infelizmente sem critérios. Qualquer uma que venha preencher aquele espaço vazio é mais que um candidato em potencial, movidos por uma ansiedade latente. Não existem uma triagem de afinidades, ideias, filosofias... Não importa o quanto sejam incomuns, o que importa nesse primeiro momento, é preencher a lacuna, o vazio. Forma-se então, mais um casal feliz para sempre! Será mesmo? E quando os conflitos devido as diferenças (não criticadas) começarem a incomodar?
Aceito o argumento de que o amor é imprevisível, também acho! Mas estou convencido que o ser humano não é tão imprevisível assim.
Há quem diga, que os oposto se atraem. Mas entendo que respeitar, seja uma das mais árduas tarefas para o ser humano. Colocar-se no lugar do outro para tentar entendê-lo é muito custoso, principalmente porque demanda respeito e tempo. E tem mais, o ser humano tem toda uma inclinação ao negativismo, analisamos primeiro os defeitos para depois nos rendermos as qualidades, logo, uma triagem simples nos indicaria, se de fato, essa seriai uma gestação positiva.
Hoje a sociedade apresenta esse quadro de pessoas (casais) infelizes, desgostosas, sem rumo e ansiosas.
Desaprendemos o significado do ato "esperar"! Simplesmente não sabemos mais como lidar em situações de espera, e não estou falando de filas e afins, compartilho um causo da minha infância (e adolescência de muitos) para contextualizar:
Quando moleque não havia celular, e telefone era coisa séria, usado apenas pelos adultos. Quando estava enamorado de alguma cabrochinha, a oportunidade que tinha de vê-la, era apenas no colégio. Se estudasse pela manhã (das 7h até 12:20hs, com recreio de 20 minutos) ou no período da tarde (das 13h até 18:20hs, com recreio de 20 minutos), se desse sorte dela ser da mesma sala, era a glória!
Nesses casos odiávamos o fim da sexta- feira, adormecíamos querendo acordar na segunda, para rever nosso bem querer. Mas ao despertar no sábado, era uma festa só, tínhamos todos o fim de semana para aproveitar. E vou confessar, sinto saudades dos papéis de carta moranguinho que colecionava. Já que não havia como ligar (acho que nem teria assunto para uma ligação, rs), a noite gastava o tempo escrevendo poesias. Presentes, ganhávamos no dia do aniversário, dia das crianças e no natal, isso quem tinha o luxo de ganhar todas estas datas. Ansiedade, apenas nas noites que antecediam as excursões escolares.
Hoje, todos temos acesso a internet (redes sociais, talks), aparelhos celulares que enviam fotos e fazem vídeo conferência. Além de uma infinidade de tecnologias (aquela dos cliques) para comunicação instantânea. O fato é, não crescemos crianças impacientes. Conseguíamos respeitar que para tudo na vida havia um tempo, e sempre haverá, pois para realizar um sonho ou saciar um desejo, os mesmos demandarão de uma parcela de tempo. E não estou falando de destino (coisa da qual sou totalmente descrente) onde as coisas acontecem no "tempo" em que terão de acontecer, isso jamais!
Mas, sei que em algum momento tudo se confundiu, principalmente em relação aos sentimentos. O que se aprendeu e o que se aprende, não está mais definido em passado, presente e futuro.
Os casais não se formam porque há uma admiração recíproca, talvez haja sim, o desejo latente de estar em um relacionamento, para preencher um vazio e dar uma resposta para a sociedade.
Ele não é verdadeiramente especial pra ela, e nem ela é especial pra ele. O que existe são lacunas que "precisam" ser preenchidas, e são, mas infelizmente sem critérios. Qualquer uma que venha preencher aquele espaço vazio é mais que um candidato em potencial, movidos por uma ansiedade latente. Não existem uma triagem de afinidades, ideias, filosofias... Não importa o quanto sejam incomuns, o que importa nesse primeiro momento, é preencher a lacuna, o vazio. Forma-se então, mais um casal feliz para sempre! Será mesmo? E quando os conflitos devido as diferenças (não criticadas) começarem a incomodar?
Aceito o argumento de que o amor é imprevisível, também acho! Mas estou convencido que o ser humano não é tão imprevisível assim.
Há quem diga, que os oposto se atraem. Mas entendo que respeitar, seja uma das mais árduas tarefas para o ser humano. Colocar-se no lugar do outro para tentar entendê-lo é muito custoso, principalmente porque demanda respeito e tempo. E tem mais, o ser humano tem toda uma inclinação ao negativismo, analisamos primeiro os defeitos para depois nos rendermos as qualidades, logo, uma triagem simples nos indicaria, se de fato, essa seriai uma gestação positiva.
Hoje a sociedade apresenta esse quadro de pessoas (casais) infelizes, desgostosas, sem rumo e ansiosas.
Em um primeiro momento, a ansiedade não nos permite uma análise racional. O medo de ficar "só", a insatisfação de estar "só", sobrepuja a racionalidade. Mas, ao entrar em um estado de "satisfação" e "segurança", a racionalidade escanteia a ansiedade (por hora dominada, pela "segurança do momento") e vem a tona. Entra em cena a bola da vez, a falta de respeito inconsciente que praticamos todo tempo. Infelizmente, o resultado é mais um rompimento, que na maioria das vezes gerará uma série de novos traumas e problemas.
Um casal deve gestar a intimidade, pois ela é a
triagem perfeita para que ambos possam se conhecer e criticar as diferenças, perceber e entender o outro. Mas
gestação leva tempo, e o tempo nesse caso, é quase antônimo de ansiedade.
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