terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sonhos - Alessandro Brito

Quase sempre presenteio alguém com algo que "eu" gosto, raramente presenteio com algo que imagino que a pessoa gostaria de ganhar... e assim é!
É como, quando, alinhamos nosso mundo a um outro mundo, sempre pensamos nos nossos sonhos, nossos desejos... mas e o que fazer com os planos do outro?  Matar meus sonhos e inserir-me naquele sonho que não é o meu? Desistir de um sonho porque ele confronta o sonho da outra pessoa, e assim carregar a eterna incerteza do que poderia ter sido se não tivesse desistido? Assistir a outro sonho se desfazer para que esse viva o seu?

É preciso respeitar que aquele "universo paralelo" trilhou caminhos distintos do seu... É preciso que ambos adequem-se, não se deve matar os sonhos... Ele é a força criadora que impulsiona a vida! Isso não quer dizer que uma vez sonhado, para sempre sonhado, não!  É claro que não, mudar o curso que havia planejado pode ser uma atitude inteligente, algumas vezes é necessário corrigir a rota, para que se refaça a estratégia. Descer para uma batalha sem necessidade é assumir o risco eminente de perder homens, e certamente essas baixas farão diferença quando chegar o momento de guerrear.
Não importa quanto tempo dedique, quantas noites insone passe por não conseguir para de pensar, ou quanto se sinta inseguro ou tolo, quanto seja real ou surreal, quanto tenha que abdicar ou doar-se, não importa o quanto esteja calejado ou amargurado, não importa o quão ferido saia ou quanto leve para se recompor, nunca deixei de sonhar!


Um comentário:

  1. Me fez lembrar disso: "Que importa àquele a quem já nada importa que um perca e outro vença .. se a aurora raia sempre .. se cada ano com a Primavera as folhas aparecem .. e com o Outono cessam? E o resto, as outras coisas que os humanos acrescentam à vida, que me aumentam na alma? Sim, sei bem que nunca serei alguém. Sei, enfim, que nunca saberei de mim. Sim, mas agora, enquanto dura esta hora, este luar, estes ramos, esta paz em que estamos .. deixem-me crer o que nunca poderei ser. Ser um é cadeia, ser eu é não ser. Viverei fugindo mas vivo a valer. O mistério do mundo, o íntimo, horroroso, desolado, verdadeiro mistério da existência, consiste em haver esse mistério. Quanto mais fundamente penso, mais profundamente me descompreendo. Só a inocência e a ignorância são felizes, mas não o sabem. São ou não? Que é ser sem o saber? Ser, como a pedra, um lugar, nada mais. Quanto mais claro vejo em mim, mais escuro é o que vejo. Quanto mais compreendo menos me sinto compreendido." (Fernando Pessoa)

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