Em algum momento, percebi que amor não se acaba. Aliás, entendi que os sentimentos não se acabam apenas se transformam.
Assim como perder a vida pode levar uma fração de segundos é também em um fração de segundos que tudo que é vivo pode se transformar. Principalmente os sentimentos.
Uma decisão, uma atitude, uma frase ou até mesmo o silêncio, pode ser o suficiente para mudar o rumo de nossas vidas, transformar todo um cenário. E não aponto dessa forma por mera especulação ou achismo, como de costume, faço com base nas minhas vivências.
Alguns tiros ceifaram a vida da pessoa que mais amo, foram segundos. Meu pai, que até meus 17 anos foi meu herói, em determinada situação de nossas vidas calou- se, foram segundos de silêncio que sepultaram tudo o que poderíamos ter vivido nas décadas seguintes, até sua morte. Uma passagem comprada em segundos, mudou todo o rumo da minha vida. A decisão de fazer uma cirurgia plástica fez tudo desmoronar. Uma súbita paixão poderia acontecer em segundos e novamente mudar todo o cenário, um frase mal colocado poderia ter sido suficiente para o rompimento de uma nova gestação. Enfim, assim tem sido, transformações.
Então, percebi que essas passagens impactantes estão sempre ligadas ao amor e na sua transformação, por meio de como se reage a cada evento.
Hoje entendo que os sentimentos não morrem, apenas se transformam. O que era amor pode transformar-se em decepção, em segundos. Os planos e promessas podem ser alterados em segundos e se transformarem em ilusão. Basta um desencontro entre o tic e o tac para resultar no sepultamento ou nascimento, na transformação da morte em vida ou vice versa.
Não há como controlar tais eventos, nessas situações, nos resta apenas reagir aos sentimentos e direcioná-los.
As festas de fim de ano sempre foram eventos que me feriram, sou agraciado com uma família nada ortodoxa. E aquela tristeza incontida, que sempre me acompanhou transformou-se em aceitação da minha realidade. Acredito que os festejos vindouros, caso eu tenha essa oportunidade, serão mais amenos.
A dor de ser só (sem a família tradicional), talvez tenha se transformado na velha esperança (aquela que o velho Nietzsche diz ser o pior dos males, pois prolonga o sofrimento) de formar minha família. A querido Nietzsche você que tanto me ensina, nessa não vai ter jeito, sonhar ainda é minha maior habilidade e sonhos, são pura esperanças.
O amor ainda pulsa e fala alto dentro do meu peito, embora eu ainda pastore o "pássaro azul", a gaiola está aberta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário