sábado, 20 de junho de 2020

Saudade sem fim - Alessandro Brito

Procurei em outros autores, os quais admiro e vivo a me apropriar de suas frases, algo que pudesse expressar o turbilhão que está dentro de mim, mas dessa vez nada encontrei. Nunca me mostrei assim tão despido de defesas, e talvez, por isso, não tenha encontrado voz fora de mim.
Por mais que eu fale repetidas vezes de saudade e amor, pra mim, esses temas nunca soam repetitivos, eu rabisco aquilo que sinto e esses sentimentos compõem meu ser.
Os dois últimos dias choveram intermitentemente, meu estado emocional acompanhou essa inconstância, pra ser mais preciso, minha saudade de você alinhou-se a esses intervalos desiguais. Hoje faz um dia lindo, é um sábado típico pra uma casal fazer muitos "nadas" juntos. O clarão do sol dessa manhã iluminou toda a casa, fui até a janela da cozinha te encontrar, acho que esse foi o "seu lugar" na casa, quando te perdia de vista, bastava ir até a janela que você estava lá, recebendo uma rajada de vento gelado de campina grande, mas você não estava. Troquei o lençol da cama, as fronhas, aquelas mesmas, modelo infantil que você achou o máximo e que fiz questão de usar apenas no dia do nosso primeiro encontro, mas isso faz 9 dias, por mais que seu cheiro ainda esteja impregnado nelas, tive que trocá-las, também ainda ecoa em meus ouvidos seu ronco na hora de sono profundo, é verdade eu não estou brincando, você ronca, pouquinho mas ronca, apesar da faxina durante a semana, ainda há cabelos seu por toda a parte, mas por toda parte mesmo, lemos os diários, e surpresaaaaa, você não sabia que também estava escrevendo o meu (nosso) diário, "você me faz sorrir" com uma dedicatória no mínimo diferenciada, fizemos uns charminhos e provocamos propositalmente um ao outro, pra depois resolver fazendo... Durante esses meses em que nos conhecíamos através da distância, sem contar com os sentidos do tato, olfato, tudo parecia tão irreal, improvável, até pra mim que aposto sempre minhas fichas na arte dos encontros, embora haja os tantos desencontros, mas tudo isso prova que não estou delirando de paixão ou coisa do tipo, você é real.
Esqueço por uns instantes a saudade, e mais uma vez, penso que entendo Vinícius, no monólogo de Orfeu: "Essa vontade de estar perto, se longe ou estar mais perto, se perto"... Em breve estaremos juntos (de corpo presente) novamente, e os dias de comunhão serão todos sábados (com chuva ou sol, não importa) em seguida, terás que voltar ao Recife e eu ficarei de braços com a saudade, mas com a esperança de no menor espaço de tempo unirmos novamente não apenas nossas almas (pois essa união já se deu) mas nossos corpos, e simplesmente viver cada dia, cada hora,cada minuto, cada milésimo de segundo, lado a lado, com toda intensidade que há em nós, sem medo do porvir,
movidos pela certeza que cedo ou tarde seremos verdadeiramente, apenas, saudade sem fim.


Um comentário:

  1. Você é meu sonho bom...E minha realidade mais esperada! Agora o mundo sabe que eu ronco, pouquinho, mas ronco, e tudo bem!!🐼

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