sábado, 28 de março de 2020

Claudionor - Alessandro Brito

Dois boêmios se embriagando.
O vento forte que adentra minha janela nesse instante em que vos lhe escrevo me faz sentir um daqueles abraços seu, forte e cheio de energia, tem um pássaro, lá fora no parquinho, cantando insistentemente, me fez rememorar sua voz soltando alguma pilera no abraço. Tudo bem, pode ser apenas fruto da minha imaginação tentando processar a informação de que você nos deixou, provavelmente seja, mas e dae? Está me fazendo bem sentir esse abraço imaginário, continue cantando e fique quanto tempo puder meu irmão.
Foram tantas madrugadas frias no bar da Nancy não é mesmo? Inclusive foi lá, numa terça feira congelante no alto daquele morro que tive o prazer de ser apresentado a você. Não consigo recordar qual música eu pedi, mas com certeza eu pedi, você mesmo me disse tantas vezes que eu era chato pra caraleo. Foda-se, problema meu seu velho boca dura e se aqui tivesse continuaria pedindo só aquelas que eu achava que você não saberia.
Dentre tantas noites, tantos bares e tantas canções divididas, uma sempre me fará lembrar de você, inclusive essa canção sempre me fez chorar, e foi você quem me "apresentou", eu me emocionei, chorei, mas fingi que já conhecia, pra não perder aquela velha pose, se sabe bem qual. A canção?
- O filho que eu quero ter - Toquinho e Vinícius.
Quantas vezes me falou sobre ser pai... que tipo de pai eu seria... Ah velho amigo, que ser humano lindo você.
Sua visita inesperada em Campina Grande certamente foi um presente inesquecível, mas os debates que travamos, você com sua sabedoria, paciência e elegância e eu, caçador de mim, perdido na minha ignorância e arrogância, certamente foram os maiores presentes que me destes.
Você é um homem que irei admirar e respeitar até pra sempre, fomos leal uma ao outro e agora que está partindo não há mais como manchar essa trajetória, sua caminhada ficou ilibada, e por isso te agradeço, quando algum filho (a) da puta der mancada eu vou contar a nossa história também, e dizer: Então, desculpa ae mas eu tenho referentes. rs
Hoje você partiu... confesso que estou muito triste mano véio, não pela partida, nunca será pela partida, mas pela saudade que sei, virá me machucar... Porra, se sabe que já tenho um monte delas caraleoooo, num dava pra dar uma segurada não? Nos falamos quarta feira... ouvi sua voz... não tornarei a ouvir, e isso dói. Quando eu descobrir uma brasa, não vou mais poder te afrontar, quando eu pegar uma piada engraçada você não será mais o primeiro a ver... pelo menos quando o São Paulo perder de novo você não vai encher meu saco neh!?
Eu continuo dizendo, hoje é todo o tempo que tenho...
Obrigado meu irmão por ter sido meu professor da vida, embora eu seja um péssimo aluno, ser grato tenho certeza que tento ser.
Sei que pessoalmente te disse todos os te amos que tive vontade, mas faço questão de finalizar "inscrivinhando", te amo.
Até breve, muito breve.

Sandrinho.

P.S.: Enquanto escrevia pra você escutava a música que te dedicarei até pra sempre: Adios nonino.




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