sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Forró pé de serra anos 2000 - Alessandro Brito

O forró foi mais que religião para O POVO NORDESTINO. Pedro Sertanejo fez da inóspita São Paulo um grande nordeste (em grau, número e gênero) tem uma importância imensurável para a história do forró. Os grandes músicos daquela época conseguiam cantar as mazelas, alegrias e a saudade da sua terra dos seus amores e das suas famílias. A migração causou grande ruptura na cultura nordestina, que teve que se adaptar a cultura sulista e ao espaço geográfico. O política do país passou por uma grande mudança e após a ditadura é notável a ruptura cultural, dentre outros aspectos na sociedade. O forró foi perdendo seus baluartes, os que sobreviveram tiveram que se adaptar a modernidade pós movimento Cearense de forró (anos 90), que teve seu mentor Amaral Gurgel, e o surgimento do, mais tarde denominado forró de banda, também conhecido pejorativamente como forró de plástico que até hoje faz enorme sucesso em todo o país. No ano 2000 através do Falamansa e Rastapé surgiu um novo movimento, dessa vez sulista, que intitulou-se forró universitário. Não tão forte quanto o movimento cearense mas capaz de abrir um novo nicho de mercado que também se sustenta até os dias atuais. O que temos hoje é um  circuito de forró universitário, hoje também intitulado como "pé de serra", embora nacional, que não passa de um nicho minpusculo do mercado fonográfico brasileiro. Ele não consegue tomar maiores proporções, mas conseguiu se solidificar, e angaria alguns adeptos, inclusive em alguns países do exterior. Por ter havido uma ruptura entre o final da década de 70 até início dos anos 2000 esses movimentos de forró universitário não conseguem reproduzir  um "forró" (festa para se dançar) como foram os forrós da base e muito menos conseguem criar, compor novos forrós (música) que externalizem as vivências contemporâneas. A maioria dos trios que hoje são as atrações desses circuitos (Festival de Itaúnas, Rootstock, Nata Forrozeira...) apresentam trabalhos que, quando não tentam falar de um nordeste imaginário, falam apenas de xotes românticos, um romantismo superficial. Não conseguem linkar, como fizeram os baluartes, seu cotidiano as suas letras e músicas. Embora ainda existam (e sempre irão existir) exímios músicos a produção é pós moderna, figura longe daquelas gravações absurdos de 2 canais, 4 canais, 6 e 8 canais, e isso impressiona. Um fato a ser destacado é que esse movimento de forró universitário aproximou muitos jovens dos LPs, das pesquisas não apenas das músicas, mas também da história dos artistas e da região norte e nordeste. Trazendo uma nova leitura e uma revalorização dos artistas remanescentes daqueles áureos anos 60 e 70.

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