quarta-feira, 23 de maio de 2018

Nas quebradas do mundaréu (parte I) - Plínio Marcos e Geraldo Filme

O início do disco é impactante. Plínio declama uma introdução loquaz e cruel sobre a cidade de São Paulo que quer retratar: “Eu conto história das quebradas do mundaréu, lá de onde o vento encosta o lixo e as pragas botam os ovos. Falo da gente que sempre pega a pior, que come da banda podre, que mora na beira do rio e quase se afoga toda vez que chove e que só berra da geral sem nunca influir no resultado. Falo dessa gente que transa pelos estreitos, escamosos e esquisitos caminhos do roçado do bom Deus. Falo desse povão, que apesar de tudo é generoso, apaixonado, alegre, esperançoso e crente numa existência melhor na paz de Oxalá. Quem quiser saber meu nome não precisa nem perguntar: eu me chamo Plínio Marcos, sou pagodeiro do lugar. O samba é a forma da gente minha falar dos seus mais ternos sentimentos, e é nesse embalo que eu vou. Vou contar do samba da Pauliceia e de sua gente, que é do tamanho do mundo, porque não se acanha de contar as histórias do seu pedaço de chão de terra firme”.

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