terça-feira, 23 de setembro de 2014

Película - Gênio indomável


Sean
(Robin Williams) dá uma bela explicação sobre a vida ao seu paciente Will Hunting (Matt Damon).   Roteiro: Ben Affleck e Matt Damon

Sean – Pensei no que disse outro dia sobre o meu quadro. Passei metade da noite acordado. Até que me toquei de algo e caí num sono profundo. E não pensei mais nisso. Sabe o que foi?
Will – Não
Sean – Você é só um garoto. Não sabe o que está falando.
Will – Obrigado.
Sean – Tudo bem… Você já saiu de Boston?
Will –  Não.
Sean – Se eu te perguntar sobre arte, me dirá tudo escrito sobre o tema. Michelangelo, você sabe muito sobre ele: sua obra, aspirações políticas, ele e o papa, tendências sexuais, tudo. Mas não pode falar do cheiro da Capela Sistina. Nunca esteve lá, nem olhou aquele teto lindo. Nunca o viu. Se eu te perguntar sobre mulheres, me dará uma lista das favoritas. Já deve ter transado algumas vezes, mas não sabe o que é acordar ao lado de uma mulher e se sentir realmente feliz. Você é um garoto sofrido.  Se perguntar sobre a guerra, vai me citar Shakespeare “Outra vez ao mar, amigos.” Mas não conhece a guerra. Nunca teve a cabeça do seu melhor amigo no colo e viu seu último suspiro pedindo ajuda. Se te perguntar sobre amor, citará um soneto. Mas nunca olhou uma mulher e se sentiu completamente vulnerável. Alguém que o entendesse com um olhar, como se Deus tivesse posto um anjo na Terra só para você, para salvá-lo do inferno. E você sem saber como ser o anjo dela, como amá-la, apóia-la, estar com ela sempre, em tudo… no câncer.  Não sabe o que é dormir sentado num hospital por dois meses, segurando a mão dela, porque os médicos viam em seus olhos que o termo “horário de visitas” não se aplica a você. Não sabe nada de perda, porque ela só ocorre quando você ama algo mais que a si próprio. Duvido que já tenha amado alguém assim. Olho pra você, e não vejo um homem inteligente e confiante. Só um garoto convencido e assustado. Mas você é um gênio, é inegável. Ninguém entenderia sua complexidade. Mas você acha que me conhece por um quadro e disseca minha vida. Você é um órfão, não é?  Acha que sei de como sofreu, como se sente, quem você é, porque li Oliver Twist?  Você se resume a isso? Pessoalmente estou cagando para isso, porque eu não posso aprender nada sobre você, não posso ler em nenhum livro. A menos que me conte sobre você, quem você é. Isso me fascinaria. Isso sim. Mas não quer fazer isso não é? Morre de medo do que poderia dizer. Você que sabe.

Um comentário:

  1. Nunca vi esse filme, infelizmente, todavia, comentarei acerca desse trecho,pois me chamou bastante atenção:
    é incrível e fascinante os anos, o tempo, ainda mais quando envolve o Ser, pois o mesmo estará imerso num submundo de incoerências, incertezas e relações sociais muitas vezes conturbadas e assustadoras. É incrível o tempo, pois acumula saberes, experiências, oportunidades perdidas ou vividas. Bom, o tempo é incrível! Entretanto, vivência não é tudo. Não há como julgar ou delimitar uma fronteira de saberes entre Seres porque não possuem o mesmo tempo de vida, porque viver vai além do tempo. Viver é "estar aí". Preparado ou não para o que está por vir. É ser incoerente, preciso,cauteloso, destrambelhado, mas é está aí, no "aqui e agora". Experiência adquirida, muitas vezes são contabilizadas e ponto. Não se pode dizer que alguém que desencarnou/morreu jovem demais não viveu. isso é absurdo! Tempo pode significar muita coisa, mas não é sinônimo de maturidade ou de vida. Ser maduro é o que se é, diante das imposições sociais.

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