domingo, 24 de agosto de 2014

Momentos - Samilis

Fomos ver o mar, pra mim a noite estava amena.
Mas ele tremia de frio.
Dava pra ver umas estrelinhas, entre uma nuvem escura e outra.

Eu sei, você vai dizer que é o cenário perfeito para as minhas inspirações.
E, sim, geralmente seria.

Mas, cá pra nós.
Faltou.
Não é que ele seja uma má companhia, na verdade até certo ponto gosto dele.
É que, são os nossos costumes que estão espalhados demais em mim.
E eu, fiz a pior coisa numa situação assim. Comparei.

Fiquei pensando no que faria, caso fosse nós dois ali.
Você certamente bancaria o durão e fingiria o frio, você tiraria o sapato pra sentir a areia nos pés.
Iria me suspender lá no alto, e me rodopiar até eu ficar tonta.

Você daria falta da lua, e lembraria uma canção antiga.
Um poema talvez.
Você ia repetir que eu fico linda, assim com maquiagem borrada e vento nos cabelos.
E a gente ia rir tanto.
E, íamos falar coisas bobas e leves.
E no caminho pra casa, você colocaria a mão na minha perna, e me olharia com aquele seu olhar de aprovação.

Você, subiria comigo até a porta e me daria um beijo meio inseguro, Ligaria antes de dormir, pra dizer que nossa noite parecia cena de filme, e que escreveria sobre ela.

E, a gente escreveria sobre como é especial, cada momento dividido e somado por nós dois.

Em vez disso, o estranho tremia de frio.
E, reclamava sobre a suposta gripe que teria.
Franzia a testa, com as preocupações de trabalho e grana curta.
E, não entendia meu silêncio olhando o mar.
O estranho tinha na ponta da língua assunto de carros, negócios e viagens internacionais.
E, no caminho sua playlist tocava forró.
E, suas mãos não me tocaram com ternura, e sim com um quê de deixa eu ver se ela tem um corpo legal.

E, dai você vai entender a minha falta de inspiração sobre o estranho.

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