Aprendi que a cada 10 anos se vive uma vida. Aos 10 anos eu via o mundo de uma maneira que mostrou- se totalmente diferente quando cheguei aos 20 anos. Agora, nas vésperas de completar meus 31 anos, posso afirmar com certeza: A cada dez anos vive-se uma vida!
Deparei-me com um segundo divisor de águas, “seguir”!
Minha guerra sempre foi interior, em meio aos conflitos de postura e conduta dos quais eu deveria seguir. Mas seguir o quê? Para onde? Eu não tinha menor ideia, eram muitos referentes.
Fui trilhando os caminhos que me foram direcionados e me perdendo cada vez mais. Eu não tive escolhas, estava inserido em um contexto que não me dava meios de ser ou fazer diferente, naqueles momentos era preciso vivenciar tudo quanto se apresentava. Não tenho uma linhagem, sou como meu país, uma terra usurpada e depois abandonada.
Acreditei em muitas coisas e me decepcionei, obviamente, mas trago um saldo positivo. Me absolvo dos erros, me orgulho dos fracassos, afinal caí tentando.
Aprendi perdoar aqueles que me magoaram e usaram da minha inocência sou grato, me fizeram enxergar o outro lado da moeda, da ponte pra lá.
Eu transpiro e exalo amor, toda minha matéria é feita de amor. Meu suor é amor; minhas lágrimas são amor, meu toque é amor, meu desejo é amor, minha ansiedade é amor, meu medo é amor, minhas tristezas e alegrias são amor, meus anseios são pleno amor.
A vida apresenta novos tons com passar do tempo, deixa-se de apegar-se ao metafísico e compreende-se que todo tempo que se tem é agora. O transcendental não mais advém das escrituras, ele vem dos olhares que se fitam e se compreendem, dos corações que alinham- se e descompassam-se, das lágrimas roladas sem se quer dizer uma palavra, das mãos que unem- se até para sempre, de corações e universos que se alinham.
Hoje me tornei um homem sem passado, não olharei mais para trás, não quero mais narrar minha história triste, não vale a pena, isso é fato.
Cansei, cansei de ver os filmes serem vistos apenas como entretenimento, dos livros serem lidos apenas como “cultura”, das músicas serem ouvidas e não sentidas, da minha história ser apenas motivo de comoção. Estou farto da hipocrisia que me cerca, e por esse motivo brusco renascer.
Adiante não compactuarei com a covardia que infesta os corações de toda gente, em especial na covardia em amar.
Não me baseio em nada que eu não tenha vivenciado. Não tenho grandes segredos, mas confesso: Minha maior decepção está na covardia da falta de entrega, seja lá por qual tenham sido os motivos. Vivo de intensidade, e não consigo entender por que esta sociedade doente não desperta para a vida. É irônico demais para minha compreensão como podem querer tanta segurança em uma vida de pura imprevisibilidade. A morte nunca será o fim, pelo contrário, desde o dia que nascemos ela deveria ser o maior dos incentivos para a liberdade.
“A liberdade é um sonho de quem se permitiu aprisionar”, sábias palavras do Martinho da Vila. Meu coração sofre por falta de amor mundano, eu falo do amor homem e mulher. Minha maior habilidade continua sendo “sonhar”, mas não penso que irei viver histórias como: “Orfeu e Eurídice” (Mitologia Grega); “Marie Curie e Pierre Curie“ (Nobel Física e Química); “Luiza Santiaga e Gabriel Eligio” (Amor em tempos de cólera) ou “Pórcia e Leolino Pinheiro Canguçu“ (ABC de Castro Alves), histórias, dentre outras, que me marcaram de forma imensurável, e me fizeram querer, ser o amor em pessoa e ter o amor em pessoa.
Acredito que nos caminhos do amor, somos todos meros forasteiros, sendo assim, não descansarei um só instante do tempo de vida que eu tiver, a procurá-la. Talvez eu siga até o fim da linha sozinho, se assim for, chegarei feliz por saber que nunca desisti, que acreditei por toda vida que meu corpo não possuía uma alma, mas sim que minha alma possuía um corpo, que buscou acalanto e compreensão em outro templo. Que buscou incansavelmente por ela que seria inspiração das novas manhãs e seria o perfume da primavera, reiniciando todo dia o ciclo da vida.
Hoje compreendo que os sentimentos se transformam, tudo dependerá da maneira como serão gestados e principalmente cuidados, não quero aprender deixar de sentir.
Minha lira tem um jeito de quem está perdido em um caminho sem volta, não há paredes, não há estradas, não há luz nem referentes, há apenas passos desvairados que me conduzem querendo voltar...
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É, meu caro..."pelo menos" não tenho medo de amar e de me entregar também...já é um bom começo! ; ) Lindo texto, lindo, lindo! Agora me sinto obrigada a ler as tais histórias de amor que ainda não conheço...aiai...
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