terça-feira, 13 de setembro de 2011

Marinheiro - Alessandro Brito

E foi esse o princípio do fim... Navegou, navegou, remou para onde avistou felicidade... e assim realizou-se o marinheiro, navegando rumo ao inatingível, desbravando o intocável, arriscando-se nos caminhos desconhecidos... Não conquistou nobre embarcação, mas correu o mundo e vislumbrou tudo quando seus olhos quiseram conquistar.
Bebeu água de todas as fontes que lhe encantaram, banhou-se em tantos lençois... Viveu para ver sol nascer e se por, eram essas as horas em que o mar virava um grande rio de água doce e cristalina, manso feito um cordeiro,  o sol e a lua lhe serviam, eram seus servos... Compunha sua história, longe de toda glória.
Hoje o corpo surrado cansado de seguir contra a correnteza, procura um porto, terra firme, onde possa cuidar de suas feridas... Perdeu o rumo, não encontra norte, firme apenas, restaram as lembranças cravadas como tatuagem em sua embaraçada memória...
A vida continua seguindo o rumo da correnteza, tudo continua em seu lugar, e ao regressar as velhas paisagens pode então perceber que a única mudança que ocorreu, foi dentro dele.
Embora exausto, remar ainda é o sentido de sua vida, buscar um novo norte é o que ainda o motiva. Não brincou com a vida, viveu, vive!

O sol e a lua ainda o servem, de termômetro, lhe indicando a hora de parar e deixar o barco correr...
Não desista marinheiro, encontre o seu porto e faça dele sua eterna morada e conte dos caminhos que navegou... Tu ainda há de abrigar outros navegantes que passarão lhe pedindo pousada, que comerão de tua comida antes de seguirem viagem, que vestirão dos teus trapos para esquivar-se do sol e do frio, e que levarão para sempre a imagem do semblante do homem que amou a vida e a ela se entregou.

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