sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Medo - Alessandro Brito

Amo, é inegável!

Mas em dado momento os traumas somados aos medos me fizeram paralisar! Tanto que eu me dediquei, tantos paradoxos desfeitos, traumas superados e no entanto chegou um ponto que não consegui dar o próximo passo, o medo simplesmente me congelou.

Quão difícil é perder, há sim (sempre) a possibilidade, é parte do jogo da vida. Pensei em todas as saudades que vivi e vivo e, foi desesperador. O que eu faria depois? Como suportaria? Caramba, mais uma saudade!?

A vida seguiu, mas eu não consegui voltar! Fiquei refém do medo, eu tive tanto medo que ele me dominou, consumiu minha racionalidade, extirpou quase tudo que foi construído a muito custo e, não foi pouca coisa, literalmente me aniquilou.

É interessante o movimento de amadurecer, e isso vem sim com muita reflexão e o peso dos anos. Sempre comprei a ideia de que "O bon vivant nunca mostra o ponto fraco", cresci seguindo essa regra inconscientemente, não me permitia ser acessado. Enquanto as companheiras (durante a vida) me mostravam todas suas faces, se permitiam ser vulnerável, confiando a mim todas as áreas de suas vidas.

Hoje me olhando de frente, percebo que nunca consegui me doar completamente, estive sempre dentro de alguma mínima margem de "segurança", mesmo tendo ao meu lado companheiras tão incríveis.

Ao sair de cena e assistir a antologia das relações em que me projetei mais a fundo (ao menos o máximo que consegui, naqueles momentos), não vejo uma questão de ter faltado com a verdade com as companheiras, não é esse o caminho, mas sendo honesto comigo mesmo, vejo que não tive maturidade e, não consegui fazer a leitura de mim mesmo (o que eu representava na relação). Não tive a capacidade de entender que era preciso ir além do que eu já tinha conseguido e, que se fazia necessária essa compreensão, para que eu  pudesse superar todas as adversidades no relacionamento, sem selecionar o que conseguiria ou não sobrepujar.

Mas como diz o dito popular: "Se eu soubesse vem depois". Toda ruptura, de alguma maneira é morte e ironicamente o nascimento de algo.

E por falar em morte, todo tempo que disponho é o agora e, por mais esforço que faça, sou ainda negligencio.

A vida está além de nascer, crescer, reproduzir e morrer. Ela está muito mais em se revelar, principalmente a si mesmo. Ela me diz que apesar de eu adotar essa postura de não me permitir ser acessado, quando rabisco eu me exponho totalmente. Pois é, é literalmente o que estou fazendo nesse exato momento. Mais uma vez ela tem toda razão.

Eu não tenho mais, muito, medo.


segunda-feira, 6 de maio de 2024

Como os Brasileiros Dançam - Paulino Raposo (Inspirado em “Os Africanos Dançam”)

Como os brasileiros DANÇAM!

Os brasileiros DANÇAM enquanto o mundo avança
Enquanto a Europa nos escraviza
Enquanto os Estados Unidos brigam com a Ásia pela a liderança do planeta
O Brasil DANÇA, sim o brasileiro DANÇA.

Esses bons brasileiros fabricados pela televisão
Esqueceram de Deus, enquanto os jovens europeus leem e escrevem livros
Enquanto os americanos planejam colonizar outro planeta
E inventam coisas para melhorar a vida do ser humano
O brasileiro DANÇA e, como o brasileiro DANÇA.

Enquanto os asiáticos dominam a matemática
Fabricam os telefones, carros e valorizam a educação
O brasileiro DANÇA, os brasileiros DANÇA nos pancadões
Cantam funk sujo e tem os seus cérebros lavados por ideologias impostas a ele
O brasileiro DANÇA, a cabeça do brasileiro na maioria das vezes, não pensa em nada, nada além de DANÇAR.

Os brasileiros DANÇAM até se esquecerem de trabalhar no dia seguinte
Enquanto os chineses vêm tomar a economia brasileira de mão beijada
Ocupando todos os setores produtivos, o brasileiro continua DANÇANDO
O brasileiro foge da agricultura, do empreendedorismo e da economia e sonha em passar em concurso público
Sonha em viajar para um país de primeiro mundo ou ganhar na loteria
Mas enquanto espera a sorte eles continuam DANÇANDO

Como o brasileiro DANÇA.

Eles DANÇAM a DANÇA da decadência
Concentram-se em figuras vazias
Enquanto as ONGs e multinacionais tiram todas as riquezas da Amazônia
Para no final, ouvirem que estão destruindo a natureza com banhos maiores do que dois minutos
E pior, serem facilmente manipulados por políticos corruptos
Matando uns aos outros por causa de um celular
Sem entender que até estes mesmos políticos são meros peões em agendas internacionais.

Os brasileiros DANÇAM e bebem em baladas e bares
Enquanto o governo aumenta os impostos de tudo que eles usam
A ponto de trabalharem só para pagar impostos
E aí nós continuamos DANÇANDO
Enquanto os nossos políticos corruptos vendem as nossas riquezas
Enquanto a grande mídia injeta em nosso subconsciente que estudar é sinônimo de ser otário
Enquanto isso nós continuamos DANÇANDO.

Enquanto as mulheres são submetidas a "prostituição"
Ganhando visibilidade da mídia hipócrita, para incentivar que outras mulheres se "prostituam"
Enquanto as mulheres asiáticas ganham prêmios Nobel
Enquanto o mundo debate sobre a revolução da inteligência artificial
O brasileiro se concentra no próximo carnaval, para DANÇAR até SE cansar
E depender do SUS até morrer.

Como o brasileiro DANÇA.              (Inspirado em "os Africanos dançam)

P.S.: https://www.youtube.com/watch?v=2PbFtuORSrg

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Marcas que o amor vai deixando - Danielle Dain

O amor que tanto me engrandece, me envelheceu. Mas, inacreditavelmente, me sinto mais pleno do que nunca. O amor acumulou seus percalços em cada pequena fresta que o sentimento deixou aberta ao pedir passagem e o resultado deste preenchimento foi uma alma aprimorada e resiliente, que encontrou nos destroços, os pedaços de si que faltavam para completar o quebra-cabeça deste enigma chamado amadurecer. Porque o que nos torna bonitos, elegantes e desejados é justamente aquela metade avariada que a gente tenta esconder. Eu, me sinto cada dia mais lindo. Espero que vocês também. Aquela ruguinha boba no canto esquerdo da boca se apruma toda num sorriso cada vez que meu coração consegue abrir as portas para amar novamente. A idade tem dessas ternuras que talvez a gente só consiga sentir com total exatidão quando chega lá. E olha que acaso (ou sorte), a minha ruguinha combina perfeitamente com as bolsas insones que carrego debaixo dos olhos. Bagagem boa é aquela que a gente carrega de mãos dadas. Que a gente continue se encontrando nestas marcas que o amor vai deixando pelo caminho, porque se do lado de fora a gente transparece vivência, do lado de dentro fica cada dia mais próximo da eterna juventude.

Marcadores