"Por tudo que sei da vida, dos homens, deve-se ler pouco e reler muito. A arte da leitura é a da releitura. Há uns poucos livros totais, uns três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos.
Certa vez, um erudito resolveu fazer ironia comigo. Perguntou-me: “O que é que você leu?”. Respondi: “Dostoiévski”. Ele queria me atirar na cara os seus quarenta mil volumes. Insistiu: “Que mais?”. E eu: “Dostoiévski”. Teimou: “Só?”. Repeti: “Dostoiévski”. O sujeito, aturdido pelos seus quarenta mil volumes, não entendeu nada. Mas eis o que eu queria dizer: pode-se viver para um único livro de Dostoiévski. Ou uma única peça de Shakespeare. Ou um único poema não sei de quem. O mesmo livro é um na véspera e outro no dia seguinte. Pode haver um tédio na primeira leitura. Nada, porém, mais denso, mais fascinante, mais novo, mais abismal do que a releitura."
Minha lira tem um jeito de quem está perdido em um caminho sem volta, não há paredes, não há estradas, não há luz nem referentes, há apenas passos desvairados que me conduzem querendo voltar...
segunda-feira, 23 de julho de 2018
quarta-feira, 11 de julho de 2018
Save Our Last Goodbye - Disturbed
Através dos passos alternados de perda e ganho,
silêncio e atividade, nascimento e morte,
eu trilho o caminho da imortalidade" -- Deepak Chopra.
silêncio e atividade, nascimento e morte,
eu trilho o caminho da imortalidade" -- Deepak Chopra.
terça-feira, 10 de julho de 2018
As fases da vida - Alessandro Brito
Estou com uma pergunta existencialista: Quais foram suas fases na vida? Essa foi a pergunta que lancei aos meus amigos hoje pela manhã. Hoje ao longo do dia recebi diversas respostas, algumas bem rasas (eles tem seus motivos) outras incríveis e complexas, me senti instigado a replicar:
Em suma acho que podemos definir as fases da vida em 3: infância, adolescência e fase adulta. Percebi dentre as respostas dos meus amigos que também usaram essa a divisão.
Infância: Foi incrível! Tudo começa na figura paterna (visto que minha mãe foi embora de casa mais de 10 vezes, entre meus 4 a 15 anos, e eu sempre fiquei com meu pai) que foi meu exemplo, isso até meus 17 anos quado comecei a deixar de admirá-lo. Me ensinou a nadar e a andar de bicicleta, me ensinou a não diferenciar as pessoas. Foi exemplo de honestidade, trabalho e valentia. Talvez exista um pai absurdamente apaixonado pelo filho, mas acredito que igual ao meu foi por mim, mas, não mais que o meu. Além de me amar, me fazia sentir-me amado. A favela... o barraco de madeira, que em dias de chuva era preciso sair pra casa da vizinha, pois corria risco de desabar. A primeira morte, onde meu pai matou um cara a facadas na minha frente aos 5 anos de idade (deu até o Gil Gomes), as outras mortes viraram banalidade. Aos 6 anos mudança de barraco, época que entrei na escola,onde tive o privilégio de estudar da 1ª série até 3º ano do colegial. (Fundamental ao ensino médio). Nesse período de 11 anos (1989 a 2000) foi o período de tudo que formaria meu caráter. Ainda rememorando as fases da infância, não posso esquecer as infinitas horas no campo de futebol jogando bola e aprendendo a ser e ter amigos e uns dribles claro.. O fliperama onde gastei uma fortuna de moedas e tempo, até minha mãe descobrir que eu estava por lá e ir me batendo de dentro do fliper até chegar em casa, puta que pariu, passei vergonha. A casa de alguns amigos que me acompanham até hoje, Rogério (Rancho) Tiago (Chandela) e Leonardo (Kit Léo/ Leozones) hoje consigo entender que não fui um criminoso, como minha mãe dizia que eu iria ser, porque tive uma fase (que dura até hoje) de convivência e aprendizado na casa desses que se tornaram meus referentes de família.
Adolescência: Essa fase eu era abastado de dinheiro e amor do meu pai e amigos. Não tinha como ser um rebelde sem causa, muito menos com causa. Mas, obviamente achava que sabia muito das coisas da vida. Fase das mulheres... Fase de ir nas portas das escolas pela manhã, (Barão de Mauá, Maria Luíza, Wallace e quando arrumava carona ainda rolava a entrada do Universitário (hoje COC) nessa ordem). As portas de escolas foram sem dúvidas o primeiro divisor de águas da minha vida. Através delas penetrei no mundo burguês e cá pra nós, embora na época morrêssemos de orgulho da favela, quem mora em favela é rato e uma habitação digna é o mínimo que todo cidadão merece. Passar a frequentar a casa das minas burgueses abriu um leque de possibilidades incrível, foi a fase da descoberta do conforto, do comer bem, falar bem, das grifes de roupas e perfumes, foi do caraleo.
P.S.: Foi interessante notar que alguns amigos disseram que tiveram uma infância sofrida, eu vejo que apesar de algumas tantas passagens bem tensas e cicatrizantes, eu só consigo avaliar como difícil se usar meu julgo de hoje, mas quando criança tudo parecia ser daquela maneira, as mortes eram banalidade, as agressões do meu pai contra minha mãe eram normais, a falta de grana não era perceptível pra mim, não enxerga minha quebrada como um ambiente inóspito, pelo contrário, era o único referente que tinha, era o meu mundo e ele era lindo, afinal eu era apenas o Sandrinho, uma criança.
Em suma acho que podemos definir as fases da vida em 3: infância, adolescência e fase adulta. Percebi dentre as respostas dos meus amigos que também usaram essa a divisão.
Infância: Foi incrível! Tudo começa na figura paterna (visto que minha mãe foi embora de casa mais de 10 vezes, entre meus 4 a 15 anos, e eu sempre fiquei com meu pai) que foi meu exemplo, isso até meus 17 anos quado comecei a deixar de admirá-lo. Me ensinou a nadar e a andar de bicicleta, me ensinou a não diferenciar as pessoas. Foi exemplo de honestidade, trabalho e valentia. Talvez exista um pai absurdamente apaixonado pelo filho, mas acredito que igual ao meu foi por mim, mas, não mais que o meu. Além de me amar, me fazia sentir-me amado. A favela... o barraco de madeira, que em dias de chuva era preciso sair pra casa da vizinha, pois corria risco de desabar. A primeira morte, onde meu pai matou um cara a facadas na minha frente aos 5 anos de idade (deu até o Gil Gomes), as outras mortes viraram banalidade. Aos 6 anos mudança de barraco, época que entrei na escola,onde tive o privilégio de estudar da 1ª série até 3º ano do colegial. (Fundamental ao ensino médio). Nesse período de 11 anos (1989 a 2000) foi o período de tudo que formaria meu caráter. Ainda rememorando as fases da infância, não posso esquecer as infinitas horas no campo de futebol jogando bola e aprendendo a ser e ter amigos e uns dribles claro.. O fliperama onde gastei uma fortuna de moedas e tempo, até minha mãe descobrir que eu estava por lá e ir me batendo de dentro do fliper até chegar em casa, puta que pariu, passei vergonha. A casa de alguns amigos que me acompanham até hoje, Rogério (Rancho) Tiago (Chandela) e Leonardo (Kit Léo/ Leozones) hoje consigo entender que não fui um criminoso, como minha mãe dizia que eu iria ser, porque tive uma fase (que dura até hoje) de convivência e aprendizado na casa desses que se tornaram meus referentes de família.
Adolescência: Essa fase eu era abastado de dinheiro e amor do meu pai e amigos. Não tinha como ser um rebelde sem causa, muito menos com causa. Mas, obviamente achava que sabia muito das coisas da vida. Fase das mulheres... Fase de ir nas portas das escolas pela manhã, (Barão de Mauá, Maria Luíza, Wallace e quando arrumava carona ainda rolava a entrada do Universitário (hoje COC) nessa ordem). As portas de escolas foram sem dúvidas o primeiro divisor de águas da minha vida. Através delas penetrei no mundo burguês e cá pra nós, embora na época morrêssemos de orgulho da favela, quem mora em favela é rato e uma habitação digna é o mínimo que todo cidadão merece. Passar a frequentar a casa das minas burgueses abriu um leque de possibilidades incrível, foi a fase da descoberta do conforto, do comer bem, falar bem, das grifes de roupas e perfumes, foi do caraleo.
Entrou então a música na minha vida, comecei escutar tudo que tivesse ao meu alcance (Nunca tive um grupo ou tribo fixa, isso também me permitiu explorar mais que o normal), essa é uma fase que ainda não terminou, já está com uns bons dias... fase essa que me fez projetar-me na noite de São Bernardo do Campo (bendito Santa Filomena) e em curto prazo na noite do ABC seguida de 8 anos ininterruptos na noite de SP até vir morar na Paraíba.
Foram incontáveis madrugadas tombando latas pela cidade... Ia atrás de samba em todas as favelas da cidade, outras tantas apenas vagando pelas noites, caminhando ou de carro, quase sempre sozinho. As vezes nos puteiros de SBC com um traficante amigo, ele abastecendo as putas e eu lá, de bobo alegre, me divertindo e me achando o malandrão, ae se a polícia pega, eu estava fodido, logo eu que nunca fumei nem um baseado. Fase também das viagens pra outros estados, normalmente sem grana (mesmo) ou "patrocinado" por alguém, foram todas no mínimo incríveis , eu realmente era um sem noção do espaço que vivia. A única parte cruel foi a morte da pessoa que é tudo na minha vida, meu tio (João Banana) executado a tiros aos 26 anos (eu apenas com 23 anos)... Provavelmente foi o momento que eu tenha pensado que era preciso querer "chegar em alguma lugar, ter algo bom pra comer e algum lugar pra se morar"... É estranho resumir essa fase, foram tantas coisas vividas, tanta gente que deixou um pouquinho delas em mim, foi tão especial que muitíssimas delas ainda fazem parte do meu meio, eu as amo!
Fase adulta: Aos 26, depois da morte do meu tio, faculdade de psicologia (1 semestre) seguida do curso de ADM com o velho 100% do PROUNI (Lula aquele abraço seu picareta) e a fase mais dura, a desconstrução de valores e filosofia para a construção dos meus verdadeiros valores e das minhas verdadeiras filosofias, óbvio que é outra fase sem fim. Esse ano o falecimento do meu pai, que havia se tornado um filho, ali sabia dar trabalho viu, serei eternamente grato. Agora completando 5 anos da fase paraíba o posso afirmar que me adaptei e apesar de ser um cara resiliente, os dois primeiros aos foram muito difíceis, mas a fase atual é curtir o nordeste e chegar aos 80 bem de saúde e se possível com a sanidade em dia, fazendo muita raiva Brasil a fora.
Fase adulta: Aos 26, depois da morte do meu tio, faculdade de psicologia (1 semestre) seguida do curso de ADM com o velho 100% do PROUNI (Lula aquele abraço seu picareta) e a fase mais dura, a desconstrução de valores e filosofia para a construção dos meus verdadeiros valores e das minhas verdadeiras filosofias, óbvio que é outra fase sem fim. Esse ano o falecimento do meu pai, que havia se tornado um filho, ali sabia dar trabalho viu, serei eternamente grato. Agora completando 5 anos da fase paraíba o posso afirmar que me adaptei e apesar de ser um cara resiliente, os dois primeiros aos foram muito difíceis, mas a fase atual é curtir o nordeste e chegar aos 80 bem de saúde e se possível com a sanidade em dia, fazendo muita raiva Brasil a fora.
P.S.: Foi interessante notar que alguns amigos disseram que tiveram uma infância sofrida, eu vejo que apesar de algumas tantas passagens bem tensas e cicatrizantes, eu só consigo avaliar como difícil se usar meu julgo de hoje, mas quando criança tudo parecia ser daquela maneira, as mortes eram banalidade, as agressões do meu pai contra minha mãe eram normais, a falta de grana não era perceptível pra mim, não enxerga minha quebrada como um ambiente inóspito, pelo contrário, era o único referente que tinha, era o meu mundo e ele era lindo, afinal eu era apenas o Sandrinho, uma criança.
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