Minha lira tem um jeito de quem está perdido em um caminho sem volta, não há paredes, não há estradas, não há luz nem referentes, há apenas passos desvairados que me conduzem querendo voltar...
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
A hora do cansaço - Carlos Drummond de Andrade
As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.
Também já fui brasileiro - Carlos Drummond de Andrade
Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei ford
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.
Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.
Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.
A mesma estória - Cartola
Não resiste
E vem me perguntar o que causou
Esta transformação
Já estou cansado de contar aquela estória
Que é sempre a mesma estória
Que resume-se em desilusão
Preciso andar pra não pensar
No que passou e não chorar
Viver em paz e sepultar de vez
A minha grande dor
Confiante despeço-me dos meus amigos
E da cidade
Só voltarei quando encontrar felicidade
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
As duas flores - Castro Alves
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Tudo é ilusão - Clara Nunes (Aníbal Silva - Eden Silva - Tuffi Lauar) - Samba de 1944
Não foi surpresa para mim
Porque
Tudo na vida tem fim
Eu esperei com resignação
O triste dia da separação
Vai, meu amor siga o teu destino
Que eu seguirei o meu
Seja feliz, adeus
Nada dura eternamente
Tudo na vida é ilusão
Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde,
Chegaria o dia da separação.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Folhas no ar - Dalva de Oliveira
Que no mundo se perdeu
Qual folhas que o vento soltou no ar
Ter a mesma paz de antigamente
Sair cantando por cantar
Qualquer canção sob qualquer luar
Vou buscar aquele amor tão meu
Sair andando a perguntar
Qual o caminho por onde ele foi
E por onde for irei também
Até o coração achar
Que simplesmente não achou
E aí então vou entender
Que ao buscar eu me perdi
De tudo aquilo que eu sou.
Clube da esquina - Flávio Venturini
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases
lacrimogênios
Ficam calmos, calmos, calmos
E lá se vai mais um dia
E basta contar compasso
e basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração
Na curva de um rio, rio...
sábado, 22 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Cotidiano nº 2 - Vinícius de Moraes,Toquinho e Quarteto em Cy.
Aos sábados em casa tomo um porre
E sonho soluções fenomenais
Mas quando o sono vem e a noite morre
O dia conta histórias sempre iguais
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão
Às vezes quero crer mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
Se foi pra desfazer, por que é que fez?
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão
CataVento (TV Cultura)
Reciclagem - Zé Geraldo
Os trapos na minha sacola
Camisa bordada no bolso
Na mão direita a viola
Principiava o mês de junho
O céu cinzento anunciava o inverno
O peito vazio de tudo
E a mala cheia de amor materno
Meu companheiro
Que sai de casa e na vida cai
Com as cacetadas desses anos todos
Eu fiquei mais velho que
Meu velho pai'
Os jardins da casa-grande
As trancas ficando pra trás
Hoje, depois de algum tempo
Eu sei que ficou muito mais
Ficou um sentido de vida
Uma filosofia, uma razão de ser
Que a idade impediu de ser vista
E que hoje é a própria razão de viver
A moda na cidade é grande
O medo é grande também
A corrida do cheque incoberto
O saldo não teve e não tem
Os valores trazidos da terra
Enfrentando as cancelas
Do "pode-não-pode"
A força falsa de um cartão de crédito
Ao invés de um fio de bigode
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Metade - Oswaldo Montenegro
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.
Sou você - Toni Garrido
Mundo meu, canção que eu compus
Mudou tudo, agora é você
A minha voz que era da amplidão
Do universo, da multidão
Hoje canta só por você
Minha mulher, meu amor, meu lugar
Antes de você chegar
Era tudo saudade
Meu canto mudo no ar
Faz do seu nome hoje o céu da cidade
Lua no mar, estrelas no chão
Aos seus pés, entre as suas mãos
Tudo quer alcançar você
Levanta o sol do meu coração
Já não vivo, nem morro em vão
Sou mais eu, porque sou você
Minha mulher, meu amor, meu lugar
Antes de você chegar
Era tudo saudade
Meu canto mudo no ar
Faz do seu nome hoje o céu da cidade
Lua no mar, estrelas no chão
Aos seus pés, entre as suas mãos
Tudo quer alcançar você
Levanta o sol do meu coração
Já não vivo, nem morro em vão
Sou mais eu, porque sou você
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Meeting ABC de Gestão Empresarial - www.meetingabc.com.br
Sobre o Espaço
Pensando em acomodar todos os convidados da melhor forma possivel, o Meeting ABC será realizado no salão localizado na Avenida Goiás, com aproximadamente 4.200 metros quadrados em excelente localização, de fácil acesso. O buffet do evento foi especialmente pensado para garantir um serviço irretocável do início ao final do evento.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Frase - Steve Jobs
Prefiro rosas meu amor, `a Pátria - Ricardo Reis (Fernando Pessoa )
Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
domingo, 16 de outubro de 2011
Eu não sou obrigado - Alessandro Brito
"Quem dorme de favor, não tem direito de esticar as pernas", e como não estou no "barraco da alegria" (agora em novo endereço), a trilha sonora é:
"tupi fm", agora pensa, domingo 14:28, imagina a programação!!!!!
Ai pergunto ao mestre Paulo Mathias, o que acha de "sertanejo universitário"? Na verdade a conversa foi assim:
Paulo Mathias diz:
salve meu irmaozinho amado
Alessandro diz:
me fala
o que acha de sertanejo universitário
Paulo Mathias diz:
não vejo a hora deles se formarem e irem logo embora
rsrsrs
Alessandro diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
chorei
vou postar uma coisa no blog agora
affffff
num aguento
Cada qual tem o direito de ouvir e cultivar o que quiser, logo, eu também tenho pleno direito de sentir total asco por essa porcaria, mas total asco mesmoooooooo, sem limite de ânsia (nauseado, dois dramins por favor!!!!!!).
Analisando e reanalisando, chego mesmo a conclusão que desde o fim da ditadura (1986?) onde ganhamos a liberdade de expressão (assunto já comentado aqui no blog) o que se criaram foram gerações de amebas, a minha (1983) e as seguintes.
Cito o pagodinho meados dos anos 90 com "raça negra" e seu descendentes, que definitivamente foram o divisor de águas... seguido do axé COM "é o tchan", esse gênero dispensa comentários! O "funk" (pornô) e agora o "sertanejo universitário".
Chego a conclusão que estudar hoje é nocivo, uma mal irreversível, que tristeza!
Afinal o que espero de uma geração universitária??? Que elas curtam "guilherme e santiago (com o clássico abaixo mencionado) e cia? "Inimigos da hp" e cia????? Sei lá mais que merda e cia?????
EU Alessandro Brito, espero mudanças, revolução, conteúdo, crítica, política, sentimento, poesia, amor, história...
O que vejo (ouço)? Mela cueca pra todo lado que me viro... EU NÃO SOU OBRIGADO! OK?!
SOCORROOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!! POR FAVOR MEUS AMIGOS ME APRESENTEM BOA MÚSICA, LETRAS E MELODIAS QUE ME ENVOLVAM, QUALQUER GÊNERO, MAS QUE ME ENSINE SOBRE QUALQUER COISA... MAS QUE ME ENSINE, QUE DEIXE ALGO DE VALOR...
P.S.: Tocando agora na tupi:
Tá Se Achando - Guilherme & Santiago
Parou, passou, se foi sua paixão
Você tirou, zoou, feriu meu coração
Você já sabe, um dia, você que riu de mim
Pode chorar amargamente pedindo pra ser feliz
Tá se achando bacana, gostosa, um mulherão
Rasga dinheiro, tem gelo dentro do coração
Tá se achando bacana, gostosa, um mulherão
Pintou saudade, tô sabendo, vai correr pro meu portão
Correu, se foi, viajou pra não voltar
Levou de mim o amor, você sabe magoar
Você já sabe, um dia você que riu de mim
Pode chorar amargamente pedindo pra ser feliz
Vou só fazer uma contra partida aqui, despretensiosamente:
Castigo - Lupicinio Rodrigues
Eu sabia
Que você um dia
Me procuraria
Em busca de paz
Muito remorso, muita saudade
Mas afinal o que é que lhe traz?
A mulher quando é moça e bonita
Nunca acredita poder tropeçar.
Quando os espelhos, lhe dão conselhos
É que procuram em quem se agarrar
E você pra mim foi uma delas
Que no tempo em que eram belas viam tudo diferente do que é
Agora que não mais encanta, procura imitar a planta
As plantas que morrem de pé
E eu lhe agradeço por de mim ter se lembrado
Dentre tanto desgraçado que em sua vida passou
Homem que é homem faz qual o cedro que perfuma o machado que o derrubou
Eu não sou obrigado a aceitar essa merda, me inspiro em outras épocas da história e sei que se não lutarmos pelo que acreditamos, viveremos os sonhos dos outros. A maioria das coisas que hoje eu amo e tenho como "cartilha da vida" só existem para me orientar, por que lá atrás, outras pessoas não aceitaram as massificações das quais foram impostas, por que outras pessoas lutaram por seus ideais, porque outras pessoas deram tudo de si e pagaram o preço para fazerem história (cito Pixinguinha ou Marie Curie, ou Gonzagão), e por estas pessoas importantíssimas na minha vida é que jamais abrirei mão dos meus sonho e ideiais para "ser aceito"... Pois, eu não sou obrigado!
Pinduca- Meu galo já cantou [ RÁDIO FORRÓ BREGA - www.forrobrega.com.br ]
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Trio Mocotó - Não Adianta
Não adianta chorar
Não adianta gritar
Não adianta
Não adianta...(2x)
Tudo que se quer
Tudo que se ama
A vida nos dá
O problema é encontrar
O problema é encontrar...
E fui caminhando
E tentando encontrar
Em alguém o amor
Prá então eu sentir
A beleza que há
Em viver e amar...
Eu amei e amei
E voltei ao mesmo lugar
Eu amei e amei
E voltei ao mesmo lugar...
Não adianta chorar
Não adianta gritar
Não adianta
Não adianta...(2x)
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Dia das crianças - Alessandro Brito
Dizem que: "A beleza está nos olhos de quem vê", penso que posso parafrasear e dizer: "A verdade está na boca de quem a prolifera"...
E desde criança, já me sentia inclinado a descordar... Hora fosse das imposições dos meus pais, hora fosse das regras escolares, hora fosse onde quer que fosse... não sabia que esta conduta me levaria a lugares indescritíveis, que me levaria ao ápice do prazer que a vida nos oferece... O preço que se paga é alto, por tentar não ser medíocre, hipócrita, ser mais humano, ser sincero, mas cada escolha traz uma renúcia... Hoje sou um homem adulto, cansado da lida da vida, muito embora apaixonado por ela, que procura sempre o melhor caminho, homem de direitos e deveres, que tem sua representação na sociedade...
Mas que nunca deixará de ser criança e que por assim ser, faz questão de nunca deixar que a vontade do saber e a curiosidade das coisas do mundo deixem de existir... que as imoralidades e as barbaridades do mundo sejam vistas como coisas normais ou simplesmente problemas sociais, pois não são, a bem da verdade é que são problemas nossos e quando nos acostumamos e deixamos de acreditar que não são, definitivamente deixamos de ser dignos de respeito.
Homem adulto que faz questão de cantar em qualquer lugar ou ocasião sem medo de censura, capaz de rir do Chaves por mais 30 anos, ou de ficar bobo em como o mar não derrama, ou como a Lua pode ser tão linda... Disposto a mudar o mundo e as regras dele, e acreditar que só depende de si para que tudo seja perfeito, na inocência de criança...
Disposto a continuar pagando o preço que for, para que essa criança nunca cresça!
CLARA NUNES-OPÇÃO
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