quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Comportamento social nos anos 2000 - Alessandro Brito


 De que serve minha vivência, em relação a tudo que envolve meu mundo, se dela não frutificar a observação da vida, do universo no qual estou inserido?

Meu ponto de partida quando critico as coisas que permeiam minha vida é a cultura, acredito que ela defina as influências e reflita diretamente no comportamento das pessoas. Ao se perceberem parte de uma sociedade procuram meios para se sentirem inseridas e aceitas.

 Eu que sou um amante da música então me pergunto, tem algo novo que eu goste, que seja tão bom ou melhor, em relação às músicas que tenho como referência (aquelas anteriores aos anos 2000)? Infelizmente, não! E pior que isso, na minha perspectiva elas estão muito distante da qualidade de outrora, em todos os aspectos. Mas quando verifico que toda essa produção (dos ano 2000 para cá) tem uma inflação de likes e reprodução, principlamente as músicas de ostentação e depreciação das relações e do feminio, essa constatação me faz refletir.

 Como exemplo,  basta verificar que o maior canal brasileiro no youtube é o do KondZilla com 65.2 milhões de inscritos e é também o canal com mais visualizações no Brasil, contando com 35.7 BILHÕES de visualizações, eu apenas vejo o reflexo de uma sociedade, essa da qual estou inserido e que tenho dificuldade em estabelecer-me.

Passo então para as redes sociais, da qual sou adepto, e que acho incrível, mas que discordo da forma como são usadas e injustamente culpadas. Não poderia ser diferente, eis o reflexo da atual sociedade, uma legião de esmoleu afetivos, gente carente de atenção, retrato de uma sociedade vazia em busca de aceitação.

O instagram é segundo melhor exemplo que posso trazer, dentro da plataforma a exposição do corpo é quase que uma regra para ter visualização, like e o falso sentimento de atenção. Mas essa exposição não se dá de forma casual, artística, natural, mas sim através de uma sexualização vulgar. Se considerar 35 BILHÕES de visualizações do KondZilla, não é de se estranhar esse cenário.

Mas acho mesmo que o melhor exemplo é sem dúvida o TikTok... Costumo dizer que ele é o atestado de imbecilidade com firma reconhecida em cartório, e consegue representar todos os elementos de carência dessa sociedade.

Claro que se somadas sexualização vulgar, ostentação e o incentivo a imbecilidade essa química só poderia resultar na falta de aceitação do corpo e consequentemente no culto dele, não pela saúde, mas apenas pela estética, na busca desenfreada pelo rejuvenescimento, entre tantas e tantas outras coisas.

Observo cada aspecto e faço meu juízo de valor, definitivamente não é esse fluxo que quero seguir. Não dispenso meu tempo ouvindo música de ostentação e depreciação das relações e do feminino, ainda prefiro deitar na rede e escutar os bons e velhos companheiros LPs. Discutir política incansavelmente por meio de comentários nas redes não mais, passei a me dedicar a leitura dos meus poucos livros (sempre fui um leitor preguiçoso), TikTok, Kway abririam falência se dependessem da minha audiência, não estou dando conta do conteúdo do MUBI e do Oldflix.

Apesar de perceber a sociedade atual dessa maneira, não deixo de socializar, me permito fazer novas amizades, afinal, seria leviano resumir uma outra pessoa, ou seja um outro universo, apenas por seu gosto musical ou sua posição política. Claro que é também uma linha tênue, alguns aspectos e posicionamentos são relevantes, mas até mesmo para conhecê-los é preciso se permitir!

6 comentários:

  1. Excelente crítica meu amigo! Podemos viver nessa sociedade, mas não podemos nos deixar contaminar por ela. Infelizmente isso é um reflexo da relativização das coisas, é o preço que se paga em esquecer suas raízes.

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  2. Excelente brother !!! Você é top!!!

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  3. Sábias palavras Alssandro... 👏👏👏

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  4. Excelente reflexão meu querido amigo. É o que eu penso também. Nos meus 48 anos completados hoje de muito vivência e experiências, sempre trocando idéias com o meu filho nas nossas caminhadas, eu faço um paralelo entre o meu passado e o que estou presenciando atualmente. Antigamente se vivia, curtia de verdade, mergulhava de cabeça em tudo que se fazia. Hoje é pura e simplesmente: "aparência". Eu não quero fazer pra me divertir, curtir, aprender, me sentir parte daquilo, estar de corpo e alma, eu quero simplesmente aparecer, representar um personagem, ser notado por várias pessoas, ganhar views, likes, curtidas, bajulações, ser paparicado... Essas redes de distrações e que arrecadam bilhões por ano, deixam as pessoas artificiais mais vazias do que elas já se encontram. No Amor verdadeiro, nós encontramos a simplicidade do ser e do viver...

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  5. Lendo sua reflexão … através da música, das redes sociais… ( o que não mais é, un reflexo da sociedade « doente « …. Ouso a ir mais profundo….
    As conversas estão vazias, as reflexões generalistas …( aponto até mesmo ) muitas páginas bacanas no Instagram da qual consumo, filosofia, poesia , política de maneira aberta , sem influências …
    Creio que o que consumimos nada mais é… fruto da sociedade líquida como nosso querido Bauman já nos referenciou… pra mim , a discussão vai muito mais além …. Quais são as nossas «  novas conversas « ,entre nossos amigos, entre nossos (as) parceiros (as)… qual legado que estamos deixando para as pessoas em nossa volta … qual exemplo de você é… isso refletirá na música que vc consome … nos filmes que você assiste … ma influência que vc faz na vida das pessoas…. E para mim .. encerro com o início do seu texto… pra que serve a existência … se não observamos e também não criamos reflexões … gostos de músicas após os anos 2000…felizmente tem muito artista bons… dentro e fora do nosso país … de variados ritmos e estilos … sempre me ouso renovar os meus conceitos … para que eu nao caia na hipocrisia .

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