Minha lira tem um jeito de quem está perdido em um caminho sem volta, não há paredes, não há estradas, não há luz nem referentes, há apenas passos desvairados que me conduzem querendo voltar...
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
sábado, 23 de novembro de 2013
Ao poeta Antonio Pereira - Brás Costa
Ao poeta Antonio Pereira
O Poeta Antônio Pereira uma dia aconselhou:
Quem quiser plantar saudade,
Escalde bem a semente
E plante na terra seca
Em dia de sol bem quente,
Pois se plantar no molhado,
Ela nasce e mata a gente..
Vivendo lá longe nas europas, com um cadinho de saudade do seu sertão que quer tanto bem, o Padroeta Brás Costa, respondeu do jeito que se dá:
Ao poeta Antonio Pereira
Caro poeta, confesso, não segui corretamente
O seu poético conselho e não plantei a semente
Ao invés de escaldá-la
Eu preferi não plantá-la
Pensando que a evitasse
Mas para surpresa minha
Na cova do amor qu'eu tinha
Um pé de saudade nasce...
É, meu poeta, a saudade nasce sem ninguem plantar
E quanto a sua semente, é mesmo inutil escaldar
Mesmo que escalde a semente
Que a plante em terreno quente
E que não chova um sereno
Como pé de carrapicho
Ela faz esse capricho
Nasce e alastra o terreno.
Mas, obrigado poeta, pelo conselho no verso
Não se ofenda se eu sigo um caminho diverso
Vou plantá-la num baxio
Perto das margens dum rio
Onde a terra é irrigada
Já que eu não posso com ela
Vou assim vivendo dela
Pra morrer dessa danada.
Brás Costa, Górdoba, outubro de 2011.
O Poeta Antônio Pereira uma dia aconselhou:
Quem quiser plantar saudade,
Escalde bem a semente
E plante na terra seca
Em dia de sol bem quente,
Pois se plantar no molhado,
Ela nasce e mata a gente..
Vivendo lá longe nas europas, com um cadinho de saudade do seu sertão que quer tanto bem, o Padroeta Brás Costa, respondeu do jeito que se dá:
Ao poeta Antonio Pereira
Caro poeta, confesso, não segui corretamente
O seu poético conselho e não plantei a semente
Ao invés de escaldá-la
Eu preferi não plantá-la
Pensando que a evitasse
Mas para surpresa minha
Na cova do amor qu'eu tinha
Um pé de saudade nasce...
É, meu poeta, a saudade nasce sem ninguem plantar
E quanto a sua semente, é mesmo inutil escaldar
Mesmo que escalde a semente
Que a plante em terreno quente
E que não chova um sereno
Como pé de carrapicho
Ela faz esse capricho
Nasce e alastra o terreno.
Mas, obrigado poeta, pelo conselho no verso
Não se ofenda se eu sigo um caminho diverso
Vou plantá-la num baxio
Perto das margens dum rio
Onde a terra é irrigada
Já que eu não posso com ela
Vou assim vivendo dela
Pra morrer dessa danada.
Brás Costa, Górdoba, outubro de 2011.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
A Música - Charles Baudelaire
A música p'ra mim tem seduções de oceano!
Quantas vezes procuro navegar,
Sobre um dorso brumoso, a vela a todo o pano,
Minha pálida estrela a demandar!
O peito saliente, os pulmões distendidos
Como o rijo velame d'um navio,
Intento desvendar os reinos escondidos
Sob o manto da noite escuro e frio;
Sinto vibrar em mim todas as comoções
D'um navio que sulca o vasto mar;
Chuvas temporais, ciclones, convulsões
Conseguem a minh'alma acalentar.
— Mas quando reina a paz, quando a bonança impera,
Que desespero horrivel me exaspera!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Quantas vezes procuro navegar,
Sobre um dorso brumoso, a vela a todo o pano,
Minha pálida estrela a demandar!
O peito saliente, os pulmões distendidos
Como o rijo velame d'um navio,
Intento desvendar os reinos escondidos
Sob o manto da noite escuro e frio;
Sinto vibrar em mim todas as comoções
D'um navio que sulca o vasto mar;
Chuvas temporais, ciclones, convulsões
Conseguem a minh'alma acalentar.
— Mas quando reina a paz, quando a bonança impera,
Que desespero horrivel me exaspera!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"